Um relatório da Polícia Federal (PF) aponta que a empresa Nutrimax LTDA, de propriedade do empresário Eduardo Soares Viana, conhecido como “D’Brinco”, multiplicou seu faturamento em ritmo acelerado após firmar contratos com a Prefeitura de São Luís, durante a administração do prefeito Eduardo Braide (PSD). O documento, assinado pelo delegado Ellison Cocino Correia, indica que a companhia passou de R$ 1 milhão em 2022 para R$ 39,9 milhões em 2024, um crescimento considerado atípico e agora alvo de investigação por suspeita de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos.
As apurações surgiram após a prisão de dois homens em setembro deste ano, em frente a uma agência do Banco do Brasil, na Avenida Daniel de La Touche, no bairro Parque Shalom. Com eles, a PF apreendeu R$ 250 mil em espécie, valor que havia acabado de ser sacado da conta de uma empresa de fachada, a JNunes Alimentos LTDA, criada em agosto de 2025. A investigação revelou que parte desses recursos veio justamente da Nutrimax, que transferiu R$ 335 mil para a JNunes apenas um mês após a sua constituição.
Segundo o Relatório de Inteligência Financeira (RIF), a movimentação financeira entre as duas empresas levantou indícios de um esquema para ocultar a origem de dinheiro público, utilizando transações de fachada e saques fracionados para dificultar o rastreamento dos valores. O documento ainda aponta que a JNunes movimentou R$ 3,29 milhões em apenas 15 dias, sendo a Nutrimax uma das principais remetentes.

De acordo com a PF, a Nutrimax teve entre outubro de 2024 e setembro de 2025 uma movimentação a crédito superior a R$ 169 milhões, dos quais R$ 15,5 milhões foram transferidos diretamente pelo Fundo Municipal de Saúde de São Luís, relativos ao Contrato nº 178/2024. O acordo, firmado por dispensa de licitação, tinha como objeto a prestação emergencial de serviços de alimentação hospitalar.
Além da suspeita de superfaturamento, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) também comunicou movimentações incompatíveis com a capacidade econômica da Nutrimax, classificadas como atípicas diante do porte da empresa. Os relatórios mencionam operações em espécie, saques e depósitos que não condizem com o perfil declarado da companhia.
As investigações seguem em curso e devem apurar o papel de “D’Brinco” e de possíveis intermediários ligados à prefeitura. A Polícia Federal aponta que o padrão de movimentações “indica provável circuito de lavagem e ocultação de valores provenientes de contratos públicos”. (Com informações do Blog Domingos Costa).





