
A Igreja Católica vive um novo capítulo de sua história com a eleição de Robert Francis Prevost como Papa Leão XIV. O anúncio foi feito na manhã desta quarta-feira, 8 de maio de 2025, após o tradicional “Habemus Papam” ser proclamado da sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Aos 69 anos, Prevost torna-se o 267º sucessor de São Pedro e o primeiro pontífice nascido nos Estados Unidos, fato que marca uma virada simbólica na trajetória da Igreja em tempos de profundas transformações sociais e religiosas.
Natural de Chicago, Prevost nasceu em 14 de setembro de 1955 e ingressou na Ordem de Santo Agostinho ainda jovem. Missionário no Peru por mais de duas décadas, construiu sua reputação como um pastor próximo das comunidades mais vulneráveis e como um gestor eficiente. Entre 2001 e 2013, foi prior geral da ordem agostiniana, com sede em Roma, o que lhe deu projeção internacional dentro da Cúria. Sua atuação discreta, porém firme, chamou atenção do Papa Francisco, que o nomeou bispo de Chiclayo, no Peru, em 2014, e mais tarde o promoveu a prefeito do Dicastério para os Bispos, cargo de grande influência na administração da Igreja global.
A eleição de Prevost se deu após o falecimento do Papa Francisco, em 21 de abril de 2025, aos 88 anos. Francisco, que também entrou para a história como o primeiro papa latino-americano, deixou um legado centrado na inclusão, na sinodalidade e na luta por justiça social. Com isso, a expectativa em torno da escolha do novo pontífice cresceu, especialmente em meio aos desafios contemporâneos enfrentados pela Igreja: queda no número de fiéis, escândalos de abuso ainda não plenamente resolvidos e debates internos sobre a participação das mulheres e dos leigos.
Leão XIV foi escolhido após três dias de conclave, em uma decisão que indica o desejo dos cardeais de manter a linha pastoral iniciada por Francisco, mas com um olhar renovado. O novo papa discursou brevemente logo após sua apresentação, reforçando a necessidade de uma Igreja próxima do povo, aberta ao diálogo e comprometida com os que mais sofrem. Ele também evocou temas centrais como a paz mundial, o cuidado com o meio ambiente e a dignidade humana — sinais de que continuará a trilhar o caminho da responsabilidade social e do engajamento com os dilemas globais.
Observadores do Vaticano apontam que a eleição de um papa norte-americano pode ter implicações significativas na geopolítica eclesiástica. Embora os Estados Unidos sejam uma potência econômica e militar, a Igreja Católica no país tem enfrentado fortes divisões internas, além de uma crescente perda de influência entre os jovens. A escolha de Prevost pode ser interpretada como uma tentativa de revitalizar a presença da Igreja no continente americano e ao mesmo tempo fortalecer os laços entre norte e sul globais dentro da fé católica.
Ao assumir o nome de Leão XIV, Prevost presta homenagem a uma linhagem de papas que, historicamente, estiveram associados à autoridade e à doutrina, como Leão XIII, conhecido por sua encíclica sobre a questão social, Rerum Novarum. No entanto, seu perfil pastoral, aliado à sua experiência em comunidades de base, sugere que seu pontificado buscará equilíbrio entre tradição e inovação. O mundo agora observa como o novo papa norteará a Igreja em um período em que fé, ciência e justiça social se entrelaçam mais do que nunca.