
A pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça-feira, 12, revela que, apesar de liderar as intenções de voto em vários cenários eleitorais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta uma crescente polarização política que pode dificultar sua reeleição em 2026. A pesquisa, realizada entre 7 e 10 de novembro, mostra que Lula ainda se mantém à frente de potenciais adversários do campo conservador, mas com uma série de nuances que indicam um enfraquecimento do apoio à sua gestão.
Na pesquisa espontânea, quando os entrevistados não têm nomes apresentados, Lula aparece com 27,4% das intenções de voto, superando Jair Bolsonaro (20,4%), mas os números refletem um cenário de divisão crescente. O ex-presidente Bolsonaro ainda mantém uma base significativa de apoio, enquanto outros nomes da direita, como Tarcísio de Freitas (1,8%), Pablo Marçal (1,4%) e Simone Tebet (1,1%), aparecem com porcentagens menores, mas indicam uma fragmentação do eleitorado conservador.
Nos cenários simulados, Lula se mantém em primeiro lugar, mas os números não são tão confortáveis quanto em edições anteriores. Em um cenário com todos os principais concorrentes, Lula registra 35,2% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro fica com 32,2%. O crescimento de Pablo Marçal (8,4%) e Ciro Gomes (6,2%), e a estagnação de figuras como Simone Tebet (8%), mostram um cenário de fragmentação no campo de oposição, mas com uma distância pequena entre o petista e seus rivais.
O cenário com Michelle Bolsonaro no lugar de Jair Bolsonaro é particularmente revelador. Mesmo com a ex-primeira-dama sendo vista como uma novidade, Lula lidera com 34,1%, enquanto Michelle aparece com 20,5%. Nesse cenário, a ascensão de Marçal (14,1%) e a crescente força de Ciro Gomes (9,3%) indicam uma mudança nas dinâmicas eleitorais, com o eleitorado de centro-direita mostrando insatisfação com as opções tradicionais.
Já em um terceiro cenário, com Tarcísio de Freitas como candidato bolsonarista, Lula segue com 35,2%, mas Tarcísio (15%) e Marçal (16,9%) mostram que o eleitorado conservador está cada vez mais disposto a buscar alternativas fora da polarização direta entre Lula e Bolsonaro. Esse fenômeno sugere que, mesmo sem Bolsonaro no jogo, o campo de direita se diversifica, dificultando o controle de Lula sobre o eleitorado mais à direita.
Além disso, a pesquisa aponta uma leve queda na popularidade do governo Lula. A avaliação de sua gestão, comparada à de Bolsonaro, sofreu uma redução, com a parcela de eleitores que considera o governo atual “melhor” caindo de 43,3% para 41,1%, enquanto os que consideram a gestão Lula “pior” aumentaram de 32,4% para 36,2%. Essa mudança, embora dentro da margem de erro, é um indicativo de que o governo Lula enfrenta desafios de governabilidade e perde um pouco do encantamento popular.
Outro dado relevante da pesquisa é o aumento no número de eleitores que se identificam com a direita, que subiu de 30,8% em maio para 39,2% em novembro. Em contraste, a identificação com a esquerda teve um aumento mais modesto, de 17% para 19,5%. Este aumento da adesão à direita é um sinal claro de que o eleitorado está cada vez mais fragmentado e inclinado a buscar alternativas ao modelo de governo petista.
A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas presenciais, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais e índice de confiança de 95%. Embora os números ainda favoreçam Lula, as tendências mostram uma maior resistência ao seu governo e um fortalecimento da direita, o que pode complicar suas chances nas eleições de 2026, caso a tendência de aumento da polarização e da rejeição ao governo continue a crescer.