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A enorme importância de capital humano

Por José Reinaldo Tavares

Uma das nossas piores fragilidades é a falta de capital humano no estado. Gente preparada para fazer com que as nossas imensas vantagens decorrentes da transição energética e do aquecimento global possam se transformar em investimentos e empregos bem remunerados. Como poderemos resolver isso?

Precisamos nos dar conta da importância da pesquisa científica e do modelo da dedicação exclusiva a exemplo do que ocorreu nos EUA nos anos 60 quando os cursos de engenharia iniciaram uma fase de mudanças, de forma a não serem meramente formação de mão de obra para o mercado.

Quem diz isso com muita autoridade, é a diretora da COPPE/URFJ, Suzana Kahn. O criador da COPPE foi Alberto Luiz Coimbra na década de 1960, como um instituto de pós graduação em engenharia da URFJ, que levou seu nome-Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia-COPPE que se tornou um dos maiores centros de pesquisa e tecnologia da América Latina. Esse modelo inovador- centrado em pesquisa de qualidade e com professores em horário integral e dedicação exclusiva- teve enorme importância no desenvolvimento tecnológico do país. Tanto que quando o Brasil decidiu liderar a tecnologia da exploração do petróleo em águas profundas, o setor de pesquisa e tecnologia respondeu com sucesso a essa empreitada e atualmente é referência mundial, afirma Susana.

Por mais paradoxal que possa parecer hoje, o setor de petróleo, um dos motores da economia do século XX, foi e ainda é, um celeiro de inovação tecnológica para o século XXI. Vem desse setor nossos avanços em robótica, novos materiais, integridade estrutural, sensoriamento remoto e automação, entre diversos outros exemplos.

O conhecimento vem se tornando cada vez mais sofisticado e valorizado, e as inovações tecnológicas e o soft power são os principais vetores para a economia deste século. Relatórios da ONU mostram que o mercado das tecnologias emergentes deverá chegar a US$ 3,3 trilhões de dólares no fim desta década. Dados da Agência Internacional de Energia afirmam que cerca de 45% das tecnologias-chaves para a tão esperada transição energética ainda não existem comercialmente, o que sinaliza enorme potencial a frente.

Enquanto isso, diz a dirigente da COPPE, assistimos a um número crescente de recém-formados sem colocação no mercado, e o país fica em no 49º lugar no índice global de inovação feito pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual, que analisou dados de 132 nações. Cursos de graduação são abertos, sem que haja nenhuma preocupação com sua sustentabilidade. O que se vê são universidades públicas sem verba, formando um contingente grande de profissionais que não encontram colocação em suas áreas, enquanto o país precisa urgentemente de capital humano qualificado. Susana acrescenta que de acordo com o relatório “Brasil: mestres e doutores 2024”, lançado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, é grave a situação do país diante da crescente necessidade de mão de obra altamente especializada para responder os desafios deste século.

Susana completa que de posse de todos esses fatos, parece óbvia a necessidade de, assim como percebeu Coimbra na década de 1960, ter um modelo adequado ao momento atual do mundo e do país. Não se pode pensar que os nossos problemas se resumem a falta de verbas, e não a urgente necessidade de rever a importância relativa dos cursos de graduação e pós graduação de maneira a apoiar estrategicamente aqueles que serão relevantes para nossa sociedade e nosso desenvolvimento. Conclui Susana Kahn diretora da COPPE.

Mas, o nosso maior objetivo é o desenvolvimento do Maranhão, e nossa situação para formação de capital humano de qualidade é bem mais difícil do que a do país. Isso acontece porque temos uma taxa de pobreza muito grande, mais de 60% das famílias são muito pobres com rendas muito abaixo do salário mínimo/mês.

Quem leu o relatório do exame global Pisa, viu que o aluno pertencente a essa faixa de pobreza ou até de um núcleo mais pobre ainda, viu que o aluno vai para a aula mais não presta atenção e não consegue ter concentração para aprender e se interessar pelos estudos. Ele, na verdade está preocupado é se terá o que comer, se vestir, tomar banho, coisas assim, que não passam pela cabeça de crianças de famílias mais abastadas.
E tem um outro problema, os professores mais preparados escolhem a região que querem exercer o magistério, e não escolhem nunca uma região muito pobre, pela insegurança, serviços de ônibus deficiente, e distancia de suas casas. Logo quem vai é o professor que se mostrou menos preparado para fazer o aluno criar interesse pela matéria exposta na aula.

Assim tudo gira em torno da pobreza. É ela que tem quer ser urgentemente combatida para que a educação possa cumprir o seu papel de grande indutor de mobilidade social.

Nós temos dois projetos muito bons para isso. Mas, temos dificuldades em financiá-los: Casa de Esperanças, destinados a amparar as famílias pobres, as mães e principalmente as crianças pobres de zero a 6 anos, dando-lhes tudo o que precisam para se tornarem capital humano de qualidade, aumentando de maneira sustentável a produtividade do estado, o que é fundamental ao desenvolvimento.

O outro, é o programa Raízes Solares, para ajudar as comunidades originárias e as comunidades quilombolas.

Mas não perco as esperanças de conseguirmos o apoio necessário para ambos os projetos. Isso não impede de trilhar o caminho virtuoso recomendado pela Diretora da COPPE. Na verdade é urgente trilhar esse caminho,
para podermos aproveitar plenamente as nossas imensas possibilidades de desenvolvimento ancoradas em infraestrutura portuária e ferroviária, tão eficiente que é recomendada pelo Banco Mundial, pela água doce abundante que tem o estado, pela imensa possibilidade de produzir energia verde a preços competitivos, na exportação cujo maior exemplo é a exportação de alimentos e minérios de ferro, que fazemos há muitos anos
com os menores custos do mercado, assim como na produção de fertilizantes que poderemos produzir com tal eficiência que pode livrar o Brasil de importar a preços muito altos todo o fertilizante que consumimos.

E não podemos esquecer a enorme importância da nossa ZPE que com certeza será uma das mais importantes do Brasil.

Como veem temos muito trabalho pela frente mas a recompensa é certa e transformadora.

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