Tecnologias revolucionárias evitarão desastres climáticos
“Eis o grande sentido e oportunidade do nosso programa, já discutido no Ministério do Planejamento, de trazer para cá essas siderúrgicas sujas, que usam carvão mineral e que, na Europa, sofrerão sanções pesadas, já a partir de 2030. Aqui elas teriam sua matriz energética modificada e descarbonizada em um processo já usado pela Aço Verde, de Açailândia”.

No livro de Bill Gates, “Como Evitar Um Desastre Climático”, ele fez após um estudo profundo em que tomaram parte grandes cientistas e especialistas nas áreas de Física, Química, Biologia, Engenharia, Ciência Política e Finanças quando o assunto foi esquadrinhado em todo o seu universo.
Gates é um inovador consagrado, que lê muito e estuda muito o que lhe interessa, procurando entender tudo sobre o assunto para então propor soluções. Esse assunto já havia tomado seu tempo, por dez anos, quando
finalmente resolveu escrever esse livro primoroso. O resultado é um livro incomum, que põe à disposição de todos um assunto complexo como é o aquecimento global e a descarbonização da economia, de tudo o que o homem produz ou faz ou usa. E que pode servir para discussões com as comunidades visando à elaboração de uma política para evitar o aquecimento da atmosfera.
No livro, ele mostra, que precisamos de novas tecnologias revolucionárias para que uma política global possa ter êxito. Isso fica bem claro quando diz que, mesmo que se reduza emissões de dióxido de carbono, metano, e de outros gases em 50% do que é emitido hoje, esse resultado expressivo e complexo de conseguir, um feito gigantesco, não impediria as catástrofes climáticas, no máximo as adiariam. Na verdade, porque a camada de efeito estufa ainda estaria lá, não estaria diminuindo e sim crescendo, pois qualquer emissão nova de dióxido de carbono feita hoje, cerca de 25% dela, ainda estará lá daqui a dez mil anos.
Hoje, a média anual das emissões chega a 50 bilhões de toneladas. Uma quantidade assustadora que terá que diminuir. Ou seja, o efeito estufa continuaria presente, embora as emissões certamente já seriam muito menores. Assim, só tecnologias revolucionárias que estivessem retirando da atmosfera os gases da camada de efeito estufa, em uma quantidade maior do que os gases emitidos, anualmente, somando um balanço negativo. O esforço para evitar calamidades climáticas começaria a se tornar uma realidade efetiva. O que nos salvará mesmo são as tecnologias que serão disponíveis nesse sentido. E elas ainda não existem em toda essa dimensão.
Estudo, feito pela Academia Nacional de Ciências dos E.U.A,. revelou que precisaremos remover cerca de dez bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, até meados do século e cerca de 20 bilhões, até o início do
próximo século. O problema é complexo, alerta Gates, porque a concentração do dióxido de carbono no ar, medidas ao acaso, é baixa, pois em uma molécula da atmosfera, pesquisada aleatoriamente, a probabilidade de conter dióxido de carbono é de apenas 1 em 2500. Isso muda de figura, totalmente perto de uma fábrica, siderúrgica, cimento, alumínio e outras que usam carvão mineral como matriz energética ou usam energias sujas.
Eis o grande sentido e oportunidade do nosso programa, já discutido no Ministério do Planejamento, de trazer para cá essas siderúrgicas sujas, que usam carvão mineral e que, na Europa, sofrerão sanções pesadas de cerca de 100 Euros por tonelada produzido em fábricas sujas, já a partir de 2030. Aqui elas teriam sua matriz energética modificada e descarbonizada em um processo já usado pela Aço Verde, de Açailândia. Esse aço verde seria exportado para o país de origem pela ZPE-MA (Zona de Processamento de Exportação do Maranhão), agora livre de multas. Um grande negócio para todos, principalmente para o nosso estado.
Os estudos de Bill Gates concluem que, até 2050, o mundo produzirá 2,8 bilhões de toneladas anuais de aço. Isso resulta em 5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, liberados todos os anos, em meados do século, só
provenientes da fabricação de aço, a não ser que encontremos a nova maneira ecologicamente correta de fazê-lo. Daí a grande viabilidade do nosso programa que, na verdade, é importantíssimo para nosso desenvolvimento econômico e criação de emprego e renda.
Transição verde – O Economista Oded Galor, que publicou outro livro fundamental chamado A Jornada da Humanidade – As origens da riqueza e desigualdade (que eu já fiz referência a ele em artigo anterior), diz: “contudo o processo de industrialização, que fez tanto bem ao mundo e o transformou, também desencadeou o aquecimento do planeta, que agora ameaça os meios de subsistência – e as vidas – de pessoas em todo o mundo, fazendo com que alguns questionem a ética de nossos excessos de consumo, bem como a sustentabilidade da nossa jornada. Por sorte, as fontes desses altos padrões de vida também podem garantir sua preservação: o poder da inovação acompanhado pela diminuição da fecundidade pode trazer o potencial inerente entre crescimento econômico e preservação ambiental. O desenvolvimento e a transição para tecnologias ecologicamente corretas, e a redução dos prejuízos ambientais devido ao declínio ainda maior do crescimento populacional – que será causado pelo aumento do retorno sobre a educação e a igualdade de
gênero – podem permitir que o crescimento econômico mantenha seu ritmo atual, enquanto a tendência atual do aquecimento seja reduzida, garantindo um tempo valioso para o desenvolvimento das tecnologias revolucionárias, que serão essenciais se quisermos reverter o atual curso do aquecimento global”.
Galor cita Bill Gates: “como diz o guru da tecnologia, empresário e filantropo americano Bill Gates, devemos passar a próxima década focando nas tecnologias, políticas e estruturas de mercado que nos colocarão no caminho da eliminação dos gases de efeito estufa até 2050”.
É interessante que esses dois estudiosos, um israelense e outro americano, colocam todo o peso da preservação do mundo nas tecnologias revolucionárias, e que precisamos de tempo para tê-las prontas. Eles sabem
que será muito difícil trocarmos, em tão pouco tempo, a nossa matriz energética barata e baseada em energia fóssil, tal a dependência do mundo sobre ela. Isso não quer dizer que essa matriz não precisa ser mudada, para
uma nova baseada em energia limpa. Mas dá a entender que acreditam ser mais rápido e eficiente desenvolver essas tecnologias revolucionárias enquanto trocamos a nossa matriz energética global.
E Bill Gates completa: “a chave para lidarmos com as mudanças climáticas é tornar a energia limpa tão barata e confiável quanto a obtida a partir de combustíveis fósseis”.
O que nos permitirá alcançar esse ponto, ainda distante, são as tecnologias revolucionarias, que retirem da atmosfera uma parte da camada de efeito estufa maior que a emitida por nós, no mesmo período de tempo.
Artigo de José Reinaldo Tavares