Caminhoneiro diz que era refém e se corrompeu durante assalto milionário em Bacabal

Foi apresentado, na manhã de sexta-feira (7), o caminhoneiro Obadias Pereira da
Silva, de 45 anos, natural de Pernambuco – que estava desaparecido desde o último dia
25 de novembro, quando ocorreu o assalto milionário na cidade de Bacabal/MA -, na
Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), em São Luís. Ele alega
que era refém dos bandidos, mas, durante a ação criminosa, se corrompeu e ofereceu
ajuda em troca de dinheiro.
A informação foi passada em entrevista coletiva pelo delegado Luciano Bastos, titular
do Departamento de Combate a Roubos a Instituições Financeiras (Dcrif), um setor da
Seic. Segundo a fonte, Obadias apresentou aquela defesa em seu interrogatório, sendo
que o caminhoneiro disse que, na data do episódio, parou o caminhão em frente ao
prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), para que os assaltantes, que
estavam no veículo de carga, saíssem e entrassem na Seret, unidade do Banco do
Brasil de Bacabal onde os malotes de dinheiro são depositados.
Depois, já na fuga dos bandidos, durante o tiroteio entre os criminosos e policiais
militares, ele ainda telefonou para a esposa, que estava em Pernambuco, avisando que
estava sendo feito refém por uma quadrilha fortemente armada. Mas, nesse intervalo,
Obadias se ofereceu para auxiliar o bando em direção a um local com bastante
vegetação, para que o grupo levasse toda a grana subtraída da Seret e, depois,
escapasse da cidade e, quem sabe, do Maranhão.
Segundo o delegado Luciano, o pernambucano contou que seu veículo foi incendiado
pelos bandidos, para que os malotes pudessem ser colocados em um caminhão-
boiadeiro. De lá, ele e mais quatro assaltantes seguiram até um sítio, enquanto os
demais se dispersaram e seguiram rumos distintos. O grupo que ficou com Obadias
deixou aproximadamente R$ 47 mil ao motorista como pagamento pelo serviço. O
dinheiro foi enterrado em uma mochila, em Nova Olinda do Maranhão, para que o
caminhoneiro pudesse retirar quando quisesse.
O caminhoneiro não forneceu detalhes de como sobreviveu esse tempo todo no mato,
mas a polícia sustenta que ele, com certeza, recebeu suporte de alguém que reside na
região, em termos de alimentação e bebida.
A prisão do caminhoneiro
Conforme o coronel João Machado da Silva, chefe do Comando de Policiamento de
Área do Interior 8 (Cpai 8), a prisão do caminhoneiro ocorreu depois que o Comando
Geral da Polícia Militar do Maranhão determinou a intensificação das fiscalizações na
região, pois havia fortes indícios que Obadias estaria escondido no lugar. Após uma
informação valiosa, policiais militares seguiram até Nova Olinda do Maranhão, onde
pedestres disseram que olharam uma pessoa com as mesmas características do
desaparecido comprando chips telefônicos lá.
Então, seguindo os rastros, os militares encontraram Obadias Pereira em Araguanã,
cidade que fica perto de Nova Olinda do Maranhão, em uma área de matagal. Depois
de um diálogo com as equipes, disse Machado, ele conduziu as guarnições até o ponto
exato onde a mochila, contendo os R$ 47 mil, estava enterrada, em uma gleba situada
em um assentamento. Dessa forma, o pernambucano foi transferido para São Luís, ao
prédio da Seic, para que fosse ouvido e autuado por ter participado do ataque de
“cangaceiros” em Bacabal.
Já em outras diligências, os mesmos policiais militares retornaram ao assentamento,
onde encontraram um carregador de fuzil contendo 18 projéteis intactos. As forças
policiais, como o delegado Carlos Alessandro, titular da Seic, revelou na coletiva,
estão empenhadas em identificar esses quatro bandidos que estavam com Obadias,
que, provavelmente, também são de outros estados da Federação.
O assalto em Bacabal: o assalto aconteceu por volta das 21h30 do último dia 25 de
novembro e entrou no recinto por meio do prédio do INSS, sendo que, dias antes da
ação criminosa, a Seret (unidade do BB utilizada para depósito) foi abastecida com um
grande volume de dinheiro, na ordem dos milhões. Através de um buraco no teto, os
bandidos entraram ao local onde a grana estava armazenada.
Enquanto esse grupo subtraía o dinheiro da Seret, outra parte do bando atacava o
quartel do 15º Batalhão de Polícia Militar (BPM) com tiros de fuzil. Mas equipes do
Comando de Sobrevivência em Área Rural (Cosar), unidade do Batalhão de Operações
Policiais Especiais (Bope), contra-atacaram e abateram o líder do bando, Edielson
Francisco Lumes, o “Titi” ou “Dô” – que é irmão do “Zé de Lessa”, chefe de toda a
quadrilha. Também morreram seus comparsas, Gean Martins Rocha, natural de
Araguaína (Tocantins), e Warley dos Reis Sousa, o “Bombado” ou “Paulista”, natural
de Castanhal (Pará).
Já na noite de segunda-feira (3), outra parte do bando foi encontrada dentro de um
caminhão-baú, em Santa Luzia do Paruá/MA, após o veículo ter furado uma barreira
montada pela Polícia Militar. Houve um confronto e três bandidos morreram, sendo
identificados como Antônio Silva Santos, natural de Paraisópolis (SP); Vadenilson
Moreira, natural de Diadema (SP), e Renan Santos dos Prazeres. No baú, havia 10
fuzis calibre 556; 1 fuzil AK 47; 2 metralhadoras .50 (que é capaz de derrubar
helicópteros e perfurar, sem dificuldades, carros blindados); duas pistolas calibre 380;
449 munições de 556 e 17 coletes balísticos, sendo dois com placa de cerâmica, que
segura tiro de fuzil.
Além de R$ 45.600.492 milhões, que estavam em malotes e sacos plásticos. Os presos
nessa operação foram Ricardo Santos de Souza, o “Ricardinho”; o motorista do
caminhão-baú onde o bando era levado, em uma ação de resgate, Derli Luiz Gilioli,
natural do Paraná; Geuzimar Venâncio de Oliveira, o “Sardinha”, natural de São
Paulo; Alexandre Gomes de Moura, natural de SP; Wagner Cézar de Almeida, natural
de SP; Robson Cézar Ferreira, de SP; George Ferreira Santos, o “Capenga”, de
Salvador, Bahia; Fábio Batista de Oliveira, o “Pardal”, de SP; José Eduardo Zacarias
Barboni, de SP, e Valdeir Carvalho dos Santos, conhecido como “Velho” ou “Coroa”,
de São Paulo.