
Acabo de receber na minha casa o meu mais novo livro, intitulado “Espiritualidade envolvente e missão planetária”, publicado pela Editora Reflexão, de São Paulo. É um livro pequeno, de 70 páginas, no formato 16×23, mas com um conteúdo de peso desafiador, que cutuca a igreja brasileira no sentido de que ela entre na arena do serviço de servir, como estratégia de alcançar o homem que necessita de Jesus. A Editora Reflexão lança a obra num momento em que a igreja evangélica brasileira passa por situações de choque social, político e religioso.

Neste livro, apriori, digo que o evangelho é o chamado divino para fazer pelas pessoas aquilo que o Senhor Jesus Cristo ordenou que fizéssemos. E esta é a diferença. Quando pregamos, ninguém é obrigado a aceitar o que estamos dizendo. Quando fazemos o bem às pessoas, entretanto, elas entendem que estamos suprindo as suas necessidades. E, desta maneira, a luz do evangelho brilha, de forma clarividente, no seu entendimento. Isso acontece porque fica mais fácil entender o que fazemos, do que entender e aceitar o que dizemos. Este argumento ressona em nossas perspectivas interiores e busca esclarecer a verdade divina de forma mais diretiva.
As ações planetárias, em matéria de evangelho, são multiformes. E se as ações são multiformes, o evangelismo é macro. O plano evangelístico, portanto, é macro. É macro porque é envolvente. E é envolvente porque é relacional. Alcança as pessoas da comunidade naturalmente. David J. Hesselgreve sugere que sejam feitos contatos comunitários quando da execução do plano. Ele esclarece que estes contatos comunitários podem ser feitos, primeiramente, de quatro maneiras.
A primeira delas é o que ele chama de contatos de Livre associação, isto é, a interação normal e cotidiana com indivíduos na sociedade. A segunda é a iniciativa de afiliar-se a certos grupos locais organizados para promover os interesses comunitários e coletivos, como, por exemplo, fazer parte de associações locais. A terceira é fazer levantamentos especiais na comunidade local. A quarta é usar os veículos de comunicação disponíveis na comunidade. De maneira geral, participar de debates sobre os interesses e as necessidades da comunidade é um jeito eficaz de fazer missão planetária e uma maneira inteligente de praticar evangelismo envolvente com excelência. Algo que gere satisfação no coração das pessoas.
Desta maneira, o livro “Espiritualidade envolvente e missão humanitária” revela, também, minha insatisfação com esse cristianismo que, cada vez mais, se afasta do Cristo e se evazia de Deus. E uma igreja vazia de Deus acaba colocando as pessoas em abismos existenciais profundos, inclinados para um segmentalismo obscuro e de uma mensagem trivial, meramente sentimental e irrelevante, no contexto daquilo que Jesus pregou e ensinou. Enfim, está evidente que a igreja evangélica está forçando criar um grupo social meramente religioso para um doloroso choque de realidade.
Finalmente, o grande desafio é a grande tarefa da igreja cristã será sempre um diálogo com a sociedade do seu tempo. Um diálogo com o mundo de hoje. Com o “ethnos” universal.