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O primeiro ataque com fuzil por facção criminosa em São Luís

A História, disse Eric Hobsbawm, é cíclica, pois repete os acontecimentos de forma
arquetípica, por meio de personagens que se comportam de forma similar. No campo
do crime organizado, essa ideia tem muita validade. Um fato sempre é resultado de
outro, o que gera um “eterno retorno”. Na região metropolitana de São Luís, no Estado
do Maranhão, um assassinato culminou no uso, pela primeira vez, por uma facção
criminosa, de um fuzil em ataque ao grupo rival. No caso, o Primeiro Comando do
Maranhão (PCM) cometeu um duplo homicídio no território do Bonde dos 40 com
essa arma poderosa.

Ainda realizando sua pesquisa para o terceiro livro de sua quadrilogia “guerra urbana”,
o jornalista Nelson Melo, natural de Santa Rita/MA, descobriu que esse primeiro
ataque com fuzil protagonizado por facção criminosa ocorreu em meados de 2013, na
região do São Francisco, em São Luís. Lá, o PCM teria utilizado um AR-15 para matar
“Leleco” e seu enteado. Segundo as fontes da polícia procuradas pelo repórter, além
daquela arma de fogo, os faccionados também teriam utilizado outro fuzil, calibre
.7,62, mas na contenção dessa ofensiva contra o Bonde dos 40.

De acordo com as fontes do jornalista Nelson, o autor dos disparos com fuzil que
tiraram a vida dos alvos foi Luciano Santana Barbosa, o “Malaca”, então do PCM,
sendo que ele foi o responsável por trazer o PCC para o Maranhão no espaço
extramuros. Ele foi um dos poucos civis que tinha mandado de prisão expedido pela
Justiça Militar, por um roubo de munições em um quartel da Aeronáutica em São
Paulo. O duplo homicídio aconteceu nas proximidades da Avenida Ferreira Gullar.
“Leleco”, um dos que morreu nesse ataque, havia acabado de sair do Complexo
Penitenciário de Pedrinhas, sendo que ele foi um dos fundadores do Bonde dos 40 na
Ilhinha. Há informações de que o enteado dele não tinha envolvimento com o crime e
teria sido executado para “não perder a viagem”.

Mas, por que o PCM atacou o Bonde dessa forma? Bem, conforme descobriu o
pesquisador Nelson Melo com suas fontes, essa ofensiva ainda foi o “rescaldo” da
morte de Manoel Leônidas Carvalho dos Santos, o “Manoel Chapola”, fato ocorrido
em outubro de 2012 na Ilhinha. Manoel objetivava vingar a morte do seu irmão, José
Luís Carvalho dos Santos, o “Zé Carlos”, fato que aconteceu no mês anterior, no Altos
do Calhau, dentro do território do PCM.

Embora com colete à prova de balas, “Chapola” foi baleado no pescoço pelos
faccionados do Bonde, incluindo “Leleco”, que estava nessa missão. Manoel Leônidas
havia sido preso 15 dias antes ao lado de “Tanaka”, no Canto da Fabril, em São Luís,
em um carro, onde havia uma pistola .40. Desde o assassinato de Manoel, o Primeiro
Comando do Maranhão prometeu uma represália, que foi realizada no ataque com
fuzil no território do rival, em uma demonstração de força ao inimigo.

No entanto, o Bonde não se intimidou e decidiu partir para o ataque, também. Em
agosto de 2013, os “B.40” se deslocaram com vários homens à Vila Conceição, no
Altos do Calhau, em um “comboio” que tinha apenas um objetivo: matar Fábio Pereira
Ferreira, o “Birô”, proprietário de um clube de reggae, onde os membros do PCM se
reuniam para discutir assuntos referentes à facção. Essa ofensiva do Bonde foi liderada
por “Fabinho Matador” e “Paiakan”, conforme Nelson Melo apurou em sua pesquisa.

Após a morte de “Birô”, o PCM não recuou e invadiu o Barreto, onde a facção matou
“Dragão”, irmão de “Bracinho”. Hoje, o Primeiro Comando do Maranhão não existe
mais, uma vez que foi extinto em meados de 2017, em um processo paulatino. Mas o

Bonde continua na ativa, sendo que, atualmente, protagoniza uma guerra urbana com o
Comando Vermelho (CV). Já houve “baixas” dos dois lados. Esses enfrentamentos
estão longe para serem encerrados. Talvez, isso aconteça somente quando ocorrer o
Apocalipse bíblico.

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