Faccionado responsável pela ‘caixinha’ do Bonde dos 40 é preso pela Seic


ASuperintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) capturou, nessa terça-
feira (30), José Willson Frazão Pinheiro, mais conhecido como “Paulista”, membro da
facção Bonde dos 40. Localizado no bairro Cruzeiro do Anil, em São Luís, ele é o
responsável por arrecadar dinheiro dos integrantes da organização criminosa para o
pagamento da mensalidade conhecida como “caixinha” ou “cebola”.
Conforme o delegado Gil Gonçalves, titular do Departamento de Combate ao Crime
Organizado (DCCO) da Seic, além de Wilkson, também ocorreu a prisão de Hielda
Cristina Nunes Silva, cuja conta bancária estava sendo utilizada para as “caixinhas” da
facção. Com a dupla, foi apreendida uma quantia de quase R$ 5 mil. Bem como
cartões bancários, anotações da contabilidade dos criminosos e vários recibos e
comprovantes de valores pertencentes ao Bonde dos 40.
Sobre as “caixinhas” das facções
Procurado pela reportagem do Jornal Itaqui-Bacanga, o jornalista e escritor Nelson
Melo, autor de dois livros sobre facções criminosas no Maranhão, disse que o termo
“cebola” é utilizado na gíria dos criminosos porque o membro “chora” ao pagar, uma
vez que os valores, dependendo da organização criminosa, são altos. O termo ganhou
popularidade com o Primeiro Comando da Capital (PCC), que, inclusive, até chegou a
abrir mão da “taxa de matrícula” para recrutar novos bandidos.
Por conta dessas “caixinhas”, de acordo com o pesquisador Nelson, ocorreram
conflitos na antiga facção Primeiro Comando do Maranhão (PCM). Desses
desentendimentos (e também por outros fatores mais fortes), ocorreu um rompimento
no grupo e surgiu o Comando Organizado do Maranhão (COM), que, hoje, também
está extinto. “A mensalidade é apenas uma das formas de arrecadação de dinheiro para
as facções, pois há outras, como rifas. No entanto, o tráfico de drogas é a atividade,
sem sombra de dúvidas, que mais rende lucros às organizações criminosas”, assinalou
Melo.
Ainda conforme o repórter Nelson Melo, ao contrário do que muitas pessoas pensam,
nem sempre a punição para dívidas relacionadas ao pagamento da mensalidade é a
morte. Cada caso é um caso, como destacou o jornalista, autor de “Guerra urbana –
morrendo pela vida loka” e “Guerra urbana – o homem vida loka”. Como se expressou
Melo, “em algumas ocasiões, o faccionado pode ter o débito quitado com outras
tarefas, como o assassinato de um membro das forças de segurança pública ou de um
criminoso rival”.