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Saúde

Maconha: droga ou remédio?

O uso da Cannabis sativa traz medo, dúvidas, problemas, mas também esperança e bem-estar para pessoas que têm algumas doenças.

Vamos falar sobre maconha? A ciência já sabe que alguns princípios ativos da planta ajudam pacientes com câncer a controlar a ansiedade e a sentir menos dor durante tratamento com quimioterapia. Outra doença que pode ser amenizada é a epilepsia.

Para falar sobre os perigos e benefícios da planta, o Bem Estar recebeu o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade e o neurocientista Sidarta Ribeiro nesta quinta-feira (13).

Cannabis no Brasil

Atualmente a planta é um produto controlado no Brasil e é permitido o registro de produtos à base de seus princípios ativos, mas o plantio para pesquisa ou fins medicinais no País ainda não está regulamentado. Uma comissão do Senado aprovou recentemente o cultivo, mas o projeto ainda tramita na Casa.

Apenas um remédio, feito fora do País, e de alto custo, já está no mercado. Ele atua contra espasmos associados à Esclerose Múltipla.

A Anvisa também vem autorizando a importação excepcional de produtos à base de substâncias da planta desde 2014, para fins medicinais, mediante prescrição de profissional habilitado para tratamento de saúde. Crianças com epilepsias refratárias têm sido as mais beneficiadas.

O comércio e uso recreativo da planta é crime no Brasil. O STF pode julgar um recurso que permitirá descriminalizar o consumo pessoal de pequenas quantidades.

A Cannabis medicinal pode ser usada por todos?

Nem todo mundo pode usar. Dependendo do paciente, da composição, dosagens, podem ou não existir contraindicações e reações adversas. O medicamento aprovado pode, por exemplo melhorar muito a vida dos pacientes com espasmos, mas em alguns casos trazer tonturas, fadiga, euforia e depressão como reações adversas, além de dependência. É bom sempre ter o respaldo do profissional de saúde.

Liga Canábica

Pais da Paraíba se reuniram e conseguiram na Justiça o direito de produzir remédios a partir da Cannabis para melhorar a saúde de seus filhos. Da união nasceu a Abrace, a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança.

Durante anos, eles produziram clandestinamente o óleo de Cannabis. O excedente era enviado para pacientes de todo o país. Até que, em maio deste ano, a Justiça Federal autorizou o laboratório a cultivar e manipular a planta para fins exclusivamente medicinais e o uso dos pacientes com necessidade comprovada.

Para Cassiano Teixeira, diretor executivo da Abrace, foi um alívio. “A justiça foi cumprida. Hoje a gente está vendo os resultados disso, então foi muito certo o que a Justiça fez, dar uma chance para nós, pais, nos uníssemos e produzíssemos o nosso próprio resultado, com uma associação, com uma coisa que possa prestar conta, com funcionários de carteira assinada, para que a gente possa ter a solução e não jogar para o Estado”, fala.

Hoje a Abrace produz óleo, pomada e spray que são distribuídos para cerca de mil pacientes em todo o Brasil. Quem tem condições paga uma taxa de aproximadamente R$ 150 por mês, muito menos do que é cobrado pelo remédio que vem de fora do país.

Em nota, a Anvisa esclarece que autoriza apenas pessoas físicas a importarem o produto à base de canabidiol, por tempo determinado e com uma quantidade limitada prescrita por um médico. O primeiro medicamento brasileiro contendo Cannabis sativa foi registrado pela Anvisa em janeiro do ano passado. A Anvisa informa ainda que acompanha as discussões legislativas sobre a regulamentação do plantio para fins medicinais ou de pesquisa.

Cannabis ajuda pacientes com câncer

A Cannabis está fazendo a diferença no tratamento de efeitos colaterais de quimioterapia e radioterapia de pacientes com câncer.

Paula Dall Stella, diretora científica da Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal, explica que eles têm estudos que comprovam a ação benéfica, por exemplo, como forte estimulante do apetite e da fome.

“Tem um momento do tratamento oncológico em que ele passa por uma inapetência, que é a falta de vontade de comer, e também em relação ao sabor dos alimentos. O alimento perde o sabor. Então além dele não ter vontade de comer, o paladar fica alterado”, conta.

Pesquisas científicas também comprovam que a Cannabis ajuda a controlar o humor, alivia sintomas da depressão e da ansiedade e ainda age como um analgésico.

“Ela consegue fazer uma analgesia, muitas vezes adequada, sem o uso de outras substâncias ou, às vezes, ela consegue fazer com que a gente diminua a quantidade de outros medicamentos ou até reduza a miligramagem, por exemplo, de opioides ou outros analgésicos. Eu não conheço nenhum medicamento que tenha tantas ações num só”, conta Paula.

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