
Dada a sua importância, não é exagero dizer que a água é a base da vida na Terra. A conservação e a gestão sustentável da água são cruciais para garantir um futuro saudável e sustentável para todos os seres vivos.
Todos nós estamos vendo grandes rios amazônicos, alguns como o Rio Negro com trechos completamente secos, outros transformados em um filete de água deixando um espaço enorme seco, com grandes barcos encalhados nos portos, sem água para navegarem, transformando a vida dos povos amazônicos que dependem dos rios para tudo. É o fenômeno El Niño, que aqueceu vastas áreas do Oceano Pacífico, o que ocasionou secas no Norte e tempestades no Sul do País. Teme-se que isso continue na época das chuvas na região, que começa
agora na Amazônia. Se isso acontecer, ocasionará uma drástica diminuição de correntes úmidas que cortam o país em determinadas épocas do ano, possivelmente as estiagens atingirão grandes partes do país. E o Maranhão?
O Maranhão tem tudo para estar em uma faixa de conforto em relação a água. Temos 12 bacias hidrográficas, com rios perenes, que tem nascentes e foz no território maranhense, além de rios maiores ainda, como o Gurupi, Tocantins e Parnaíba que nos ligam ao Pará, ao Tocantins e ao Piauí. Mas esses não são rios maranhenses como os outros doze. São regionais. Acontece que semelhantemente aos rios amazônicos, toda essa água corre
livremente para o oceano, durante todo o tempo. E assim como lá, uma estiagem prolongada pode trazer surpresas muito desagradáveis, como a que acontece na Amazônia. E isso poderia paralisar a economia do estado, o agronegócio, as exportações, criaria desemprego, e muito mais. Seriam tempos difíceis.
Como evitar que isso possa ocorrer? Está na hora de regularizar esses rios, Impedindo que toda a água corra para o mar e armazenando parte dela. Ou seja, com barramentos nos leitos desses rios uma parte importante das águas ficaria acumulada, um estoque fundamental e estratégico para ocasiões de grandes secas ou estiagens. Se essas barragens forem dotadas de eclusas, esses rios se tornariam navegáveis em grande parte de sua extensão. E a água acumulada serviria para resguardar e garantir o uso para sustentar a vida. Sistemas de irrigação poderiam atender tanto o agronegócio quanto a agricultura familiar, e nos proteger enquanto essa estiagem durar, mantendo a economia e o emprego com muita eficiência.
A UEMA ficou de dar uma resposta se um estudo preliminar poderia ser realizado pelos seus técnicos, elegendo os rios considerados de maior prioridade que necessitam de estudos mais profundos e completos e os locais em que poderiam ser construídas essas barragens. Esse estudo preliminar poderia servir como termos de referência para projetos completos de engenharia que permitiriam as licitações e as contratações de empresas que construiriam essas obras. Como também serviriam para tratativas com bancos de desenvolvimento para conseguir financiamentos para o projeto. Acredito que esse trabalho poderia ser feito com recursos do Arcabouço Ambiental, já que é um projeto para mitigar efeitos climáticos. Mas, primeiro temos
que fazer os estudos.
Um documento com o título “Análise e Previsão Climática Trimestral Para o Estado do Maranhão” da Universidade Estadual do Maranhão-UEMA, abarcando o período de Outubro, Novembro e Dezembro de 2023, elaborada pelo Núcleo de Geoprocessamento e o Laboratório de Meteorologia da Universidade liderado pelo Meteorologista/chefe do LABMET, Gunter de Azevedo Reschke e uma equipe formada por mais três meteorologistas, um engenheiro agrônomo e um engenheiro eletricista, onde após longa analise do que acontece nos Oceanos, Pacífico e Atlântico, analisando a subida da temperatura do mar, e anomalias dessa temperatura na superfície do mar usando modelos de previsão sazonal de anomalias de TSM, episódio quente associado ao fenômeno ENOS (Evento El Niño), usando um supercomputador, gerou a previsão climática de precipitação para os meses de outubro, novembro e dezembro de 2023 (OND2023) que indica maior probabilidade de ocorrência de totais pluviométricos na categoria abaixo da faixa normal climatológica para o centro-sul do Maranhão e o Piauí, oeste de Pernambuco e em grande parte da Bahia, ou seja, todo o Matopiba.
O trimestre OND marca o início do período de transição para o período chuvoso no estado, porém, com o fortalecimento do episódio de El Niño que estamos vivenciando, há grandes chances de essa transição seja caracterizada por chuvas escassas, altas temperaturas do ar e baixa humidade no Maranhão.
Qual a duração do fenômeno ou mesmo sua recorrência ninguém sabe ao certo. Pode durar anos ou pode acabar logo.
O fato é que precisamos estar preparados, para não termos aqui o que acontece nos rios amazônicos. E quanto antes melhor.
Água vai valer mais que qualquer coisa conhecida pois é essencial para a vida. Não podemos ficar parados assistindo. Temos que agir.