
Na semana passada conhecemos pela primeira vez a concepção arquitetônica das Casa de Esperanças, programa fundamental e estratégico para o Maranhão, um estado que ainda tem uma população muito pobre, com mais de 50% das famílias dentro da faixa de pobreza o que é inconcebível em um estado com tão amplas possibilidades para o desenvolvimento econômico, a atração de investimentos e a criação de empregos. Essas possibilidades são verdadeiras, acontecerão, mas não se pode deixar para trás metade da população, pois isso terá consequências graves com o aumento da criminalidade, em uma escala crescente, como já acontece em alguns estados do Brasil, inclusive no nosso Nordeste, como também nos gastos com assistência à saúde, gastos enormes, que tiram dinheiro que poderia ser melhor empregado melhorando os serviços públicos oferecidos a população como um todo.
Esse é um programa estratégico com o objetivo de criar e preparar o capital humano, que é fundamental ao
desenvolvimento econômico, que não se faz só com capital financeiro e tecnologia mas, também, e principalmente, com capital humano. A formação do nosso capital humano ainda não atende as nossas necessidades, cobre apenas uma parte da nossa população quando se tem que procurar dar oportunidades
a todos para prosperar.
Há anos, que luto por esse projeto. Desde quando ouvi as palestras do professor titular da Universidade de Chicago, James Heckman, Chefe do Departamento de Economia da Universidade, que foi laureado pela importância dos seus estudos, com o Prêmio Nobel de Economia no ano 2000, e, também pelos seus ensinamentos como Doutor em Desenvolvimento Humano. O título de sua palestra no Brasil foi “Porque cuidar das crianças pobres de zero a seis anos muda o país”. Desde que o ouvi vi que ali tinha a solução do nosso
problema maior, a desigualdade e a pobreza, que não pode ser mudado com programas de assistência social, meramente, mas só muda atacando as origens da pobreza, crescente no estado.
Esse é um projeto que todos querem participar, inclusive diversas fundações no exterior que nos procuram querendo participar. E apoiar.
Com a materialização do projeto nós poderemos ter o primeiro deles, um projeto piloto, para 300 crianças. O projeto é bonito, modular, e graças ao talento do escritório de Cesar Cardoso, eles conseguiram colocar no projeto tudo o que James Heckman mostra como essencial para o êxito de um programa tão complexo como esse. Como é um projeto de construção modular, todos os outros, independentes do tamanho, terão o mesmo desenho e desempenho. O design cria um padrão arquitetônico que os identificaram facilmente. Um projeto de
primeiro mundo.
Seis meses depois de iniciada a construção a primeira Casa de Esperanças poderá entrar em operação o que garante o funcionamento ainda neste ano, um fato auspicioso para o Maranhão que mostra que estamos determinados a mudar as coisas que nos tiram a possibilidade de sermos um estado pronto para o desenvolvimento.
É um programa digno de um estadista, o governo de Carlos Brandão pode entrar para a nossa história de uma maneira extremamente positiva.
Outro fato marcante que aconteceu na semana foi um avanço na crença de que somos uma Floresta de Alimentos. Jaime Monjardim, nos chamou a atenção para o fato de que o Maranhão é essa floresta que dá bons frutos. Já falei algumas vezes aqui, que ele já desenvolve há algum tempo um grande projeto para produzir alimentos do babaçu, com apoio da Embrapa e da USP. Está começando com leite e creme de leite, mas pretende muito mais e como é um excelente empresário já está testando o produto final na UNICAMP, nos laboratórios, e já desenvolvendo o produto acabado em embalagens Tetra Pak, em linhas de produção reais.
Os resultados visam mostrar a viabilidade do empreendimento, atestar suas qualidades, prepara-las para o consumo, interno ou externo, pois também será um ótimo produto para exportação, um produto vegano, com grande mercado consumidor, pronto para o consumo e durável.
Junto com várias cooperativas e associações que produzem outros produtos do babaçu, igualmente de muita qualidade, cada vez mais o Maranhão faz jus ao título, de Floresta de Alimentos, que nos remete a nova e benéfica imagem a de ser um estado Amazônico, uma Floresta de Alimentos, um estado que contribui para descarbonizar o mundo. O mundo vai passar a nos ver de uma maneira muito positiva.
Eu já tive que enfrentar a desinformação que ainda hoje domina grande parte do país, a mais rica e beneficiada, sobre nossas possibilidades. Foram momentos duros, difíceis em que a imprensa vira porta voz de interesses cartoriais entranhados nessas áreas mais ricas. Lara Rezende um dos economistas que montaram o plano Real, que modificou o país, diz que os economistas que falam e dão muitas entrevistas são os ligados ao setor financeiro, que tem interesses muito diferentes daqueles do país, e geralmente são contra grandes obras de
engenharia como a história nos mostra e eu tive que enfrentar diretamente. Assim temos os juros que temos, talvez os maiores do mundo, que impedem os investimentos tão necessários ao país.
Falo tudo isso para me referir a um artigo publicado sábado passado no jornal O Estado de São Paulo por Adriano Pires, Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Mestre em Planejamento Energético pela Coppe/UFRJ que atua a mais de 30 anos na área de energia. Foi da ANP-Agencia Nacional de Petróleo, conhece muito o mercado do petróleo. O artigo a que me refiro tem o sugestivo título “O Arco Norte tem direito às
riquezas do petróleo e do gás”. E a chamada do artigo é “Excluídos da energia devem usufruir dos royalties e dos
empregos da exploração da Margem Equatorial”.
Vou citar alguns trechos do artigo. “A Margem Equatorial é considerada a nova fronteira exploratória de petróleo e gás no Brasil e vai do Rio Grande do Norte ao Amapá. A nossa estimativa é que as reservas sejam de 30 bilhões de barris e a produção pode chegar a 1 milhão de barris ao dia em 2029. Os vizinhos Guina Francesa e Suriname que já exploram a Margem, comprovam isso. Hoje a exploração de petróleo é segura, sem vazamentos diferentemente do passado com a Plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México. Hoje as empresas
possuem equipamentos com enorme redundância, capazes de monitorar o tempo todo qualquer ameaça de acidente ambiental Hoje as empresas de petróleo sabem que qualquer tipo de acidente ambiental pode levar a total destruição de valor da empresa. Recentemente o governo Biden aprovou a extração de petróleo em região do Alasca, que apresenta a mesma preocupação de possível impacto ambiental.
Não faz sentido, em particular sob a ótica do social, o “S” do ESG, os excluídos da energia do Arco Norte do país não serem beneficiados com a riqueza da Margem Equatorial. Por isso, sem renunciar às preocupações ambientais, é um direito dos Estados que compõem o Arco Norte do Brasil usufruírem dos royalties e dos empregos que serão gerados pela exploração da Margem Equatorial”.
A união dos governadores em torno dessa luta é fundamental. Trata-se da Região mais pobre do Brasil e não pode perder essa oportunidade ímpar de desenvolvimento, investimentos e empregos, a mesma que fez a riqueza da região Sudeste do país.
A nossa população precisa desses royalties.