
O presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSB), está no centro de uma grave crise financeira e política que ameaça desgastar sua imagem e comprometer sua pré-candidatura a deputado estadual. A reportagem do JIB apurou que um rombo de R$ 3,2 milhões no Instituto de Previdência e Assistência do Município de São Luís (IPAM), causado pela ausência de repasses previdenciários dos anos de 2023 e 2024, levou o parlamentar a adotar medidas consideradas controversas e, para muitos, arbitrárias.
Em vez de assumir publicamente a falha de gestão, Paulo Victor optou por uma estratégia de bastidores: oficiou os 30 gabinetes da Câmara, exigindo que os parlamentares agendassem, com urgência, reuniões presenciais com a Secretaria Financeira e outros setores da Casa. O documento alegava tratar de “informações funcionais”, mas fontes ouvidas pelo JIB revelam que o verdadeiro objetivo seria descontar parte das verbas de gabinete para cobrir o déficit deixado pela própria gestão.
O plano, considerado por muitos como uma tentativa de transferir a responsabilidade da crise para os demais vereadores, foi primeiro comunicado a um grupo restrito de 15 parlamentares, todos aliados de Paulo Victor e ligados à pré-campanha de Beto Castro (Avante), seu apadrinhado político e possível sucessor na presidência da Câmara no biênio 2027/28.
A repercussão interna foi imediata. Parlamentares, inclusive aliados, afirmaram à reportagem que o presidente tenta impor, sem debate transparente, um ônus coletivo para reparar um erro individual. “É inaceitável que agora todos paguem por uma negligência que tem nome e CPF”, disse um vereador sob condição de anonimato.
O escândalo põe em xeque não só a lisura da administração de Paulo Victor à frente do Legislativo municipal, mas também sua capacidade de gestão pública. A tentativa de maquiar o impacto do rombo por meio de cortes indiretos nos gabinetes levanta suspeitas sobre o real alcance da crise financeira e a existência de outras irregularidades encobertas.
A falta de transparência no trato com o IPAM e o uso político da estrutura da Câmara para proteger aliados colocam Paulo Victor no epicentro de um furacão ético e administrativo — e o desgaste, cada vez mais evidente nos bastidores, pode repercutir nas urnas.