O empresário Marcus Brandão, irmão do governador do Maranhão, Carlos Brandão, voltou a ser alvo de controvérsias políticas após a divulgação de documentos e áudios que relacionam seu aliado mais próximo, Lidenor de Freitas Façanha Júnior, conhecido como Júnior Cabeção, a suposto financiamento irregular de campanhas eleitorais em Colinas.
Júnior Cabeção é descrito por interlocutores políticos como o homem de confiança absoluta de Marcus Brandão, desempenhando o papel de operador de bastidores e responsável por articulações com empresários que mantêm contratos de grande porte com o Governo do Estado. Fontes afirmam que ele atua como “braço direito” de Marcus, executando decisões e orientações diretas do empresário.
A proximidade entre os dois é antiga. Pessoas do círculo político relatam que Marcus trata Júnior Cabeção como membro da família. O secretário estadual de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão, filho de Marcus, chegou a se referir a ele como “tio”.
A influência atribuída a Marcus Brandão por meio de seu aliado remonta à época em que a família exercia forte presença política em Colinas. Interlocutores locais afirmam que Júnior Cabeção já desempenhava funções de articulação desde a gestão do ex-prefeito José Henrique Brandão, em 2004, e posteriormente durante o governo de Valmira Miranda, em 2008.
O nome de Júnior também já apareceu ligado a denúncias trabalhistas. Registros da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Maranhão (SRTE/MA) incluem fiscalização em sua fazenda, no município de Governador Archer, onde trabalhadores foram encontrados, segundo auditores, em condições degradantes.
A propriedade, chamada Fazenda Maria de Jesus, é destinada à criação de gado de corte.
Documentos e áudios divulgados pelo portal Diário 98 indicam que Júnior Cabeção teria financiado, de forma irregular, campanhas eleitorais de candidatos considerados próximos a Marcus Brandão.
As denúncias citam a campanha de Karol do Junior Costa, a candidata mais votada em Colinas. Entre os documentos analisados está um comprovante de transferência de R$ 20 mil, feita em 30 de setembro de 2024, da empresa Construmaq Ltda-ME para a conta da candidata. A operação é atribuída a Júnior Cabeção.

A legislação eleitoral proíbe doações de pessoas jurídicas, o que pode caracterizar irregularidade grave, caso o fato seja confirmado pelas autoridades.
Nos áudios atribuídos a Júnior Cabeção e Júnior Costa, marido da candidata, ambos discutiriam dificuldades financeiras na campanha e a necessidade de reforço de recursos.
Um trecho apontado na denúncia diz:
“Daqui pra amanhã eu te arrumo, mando dinheiro pra ti. Bota na tua conta, né? Aí tu te vira aí.”
Em outro momento, uma frase sugere o objetivo eleitoral:
“Arrocha, vamos botar a mulher pra ser mais votada dessa vez.”
Outro trecho mostra Júnior Costa pedindo novo repasse:
“Ainda falta uns remates… tô dependendo de você. O que puder fazer por mim, agradeço demais.”
De acordo com consulta ao sistema DivulgaCand, a candidata declarou apenas R$ 12.132,50 de receitas oficiais — valor muito inferior aos R$ 20 mil atribuídos à transferência, o que reforça suspeitas de caixa 2.
Caso sejam confirmadas, as denúncias podem levar a investigações sobre abuso de poder econômico, financiamento irregular de campanha e omissão de recursos na prestação de contas eleitoral.





