
A Operação Blasfêmia, deflagrada na manhã desta quarta-feira (24), desarticulou a organização que atuava por meio de telemarketing, cobrando valores entre R$ 20 e R$ 1.500 por supostos “milagres” e “curas espirituais”, com pagamentos realizados via PIX. O golpe atingiu milhares de pessoas em diversas regiões do país.
Esquema com call centers e metas de arrecadação
De acordo com as investigações, Santini usava áudios pré-gravados para simular atendimentos espirituais em grupos de WhatsApp. Ao final das mensagens, os fiéis eram induzidos a realizar doações.
Para ampliar os lucros, o pastor contratou cerca de 70 atendentes sem qualquer formação religiosa, que operavam de call centers em Niterói e São Gonçalo. Esses atendentes se passavam por ele e seguiam metas rígidas de arrecadação diária.
O esquema, conforme apontam os investigadores, se valia da fé alheia para lucrar com falsas promessas de cura e bênçãos divinas. “Essa organização criminosa em nada tem a ver com atividade religiosa. O objetivo era unicamente arrecadar dinheiro e ludibriar fiéis”, afirmou o delegado Luiz Henrique Marques, titular da 76ª DP (Centro de Niterói).
Prisão e apreensões
Santini foi localizado em sua residência de alto padrão, na Barra Olímpica, zona oeste do Rio. No momento da prisão, ele resistiu a abrir a porta. Durante a ação, foram apreendidos computadores, celulares, documentos, dinheiro em espécie e uma pistola dourada devidamente registrada.
A Justiça determinou diversas medidas cautelares contra o líder do grupo, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, bloqueio de contas bancárias e sequestro de bens.
Influência nas redes sociais e lavagem de dinheiro
Com mais de 9 milhões de seguidores nas redes sociais, Santini mantinha a aparência de líder religioso, publicando vídeos e mensagens com tom espiritual. No entanto, as investigações revelam que ele criava uma ilusão de proximidade com os fiéis enquanto operava um esquema fraudulento em larga escala.
A denúncia do Ministério Público aponta 23 pessoas como rés, acusadas de crimes como estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem ultrapassar 29 anos de prisão.
Call center fraudulento
A investigação teve início em fevereiro deste ano, quando a Polícia Civil descobriu um call center clandestino com 42 atendentes, apreendendo 52 celulares, seis notebooks e 149 chips pré-pagos. O material confirmou a existência de uma operação coordenada, com vítimas em todo o território nacional.
As investigações continuam para identificar novos envolvidos e recuperar os valores arrecadados indevidamente pela organização.