
Thayanne Pereira Alves, de 32 anos, morreu após passar quase nove horas aguardando atendimento adequado no Pronto Socorro do São Francisco, em São Luís. A jovem chegou à unidade na tarde terça-feira, 15, com fortes dores na cabeça e na nuca, vomitando repetidamente e visivelmente debilitada. Mesmo com sintomas graves, não foi submetida a exames mais específicos e morreu às 22h30, sem ser transferida a tempo para um hospital de maior complexidade.
Segundo o pai de Thayanne, ela chegou por volta das 13h45, levada de Uber por não ter condições de ir de moto. Ao chegar, foi colocada em uma maca em um setor abafado da unidade. Apesar de relatar dor intensa, os profissionais se limitaram a administrar soro, dipirona e bromoprida em intervalos de duas horas. A cada agravamento dos sintomas, apenas novas medicações eram aplicadas. Nenhum exame aprofundado foi feito, e o pedido de tomografia craniana, segundo consta em laudo cedido à família, não chegou a ser realizado.
Familiares afirmam que, desde às 15h20, solicitaram insistentemente a transferência da paciente para o Hospital Djalma Marques, o Socorrão I. A ambulância só foi acionada por volta das 18h40 e só chegou à UPA por volta das 21h. Mesmo assim, segundo o pai, a ambulância foi usada apenas para deixar medicamentos e saiu da unidade minutos depois, sem levar a paciente.
A transferência definitiva para outro hospital só foi tentada minutos antes da morte de Thayanne, quando ela já estava em estado crítico. “Eles ficaram empurrando com a barriga, só medicando, sem saber o que ela tinha. Quando tentaram levar, já era tarde”, afimou um dos familiares.
Após o óbito, os parentes tentaram obter o prontuário médico completo para registrar boletim de ocorrência, mas a unidade de saúde forneceu apenas um laudo simplificado, com horário de entrada e morte. A assistente social teria informado que somente o médico poderia liberar o prontuário, mas se recusou a acionar o profissional. Com isso, a família não teve acesso aos medicamentos exatos que foram administrados nem às decisões clínicas tomadas.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou a existência de um cisto na cabeça da paciente. Para os familiares, se o exame de imagem tivesse sido feito no momento da entrada, a condição poderia ter sido identificada e tratada a tempo.
Thayanne era casada e deixa um filho de apenas nove meses. A família agora busca responsabilização pelas falhas no atendimento.