
De acordo com Felipe Nunes, diretor da Quaest, “pela primeira vez, a rejeição ao governo está se transformando em rejeição eleitoral a Lula”, impulsionando o crescimento dos potenciais herdeiros do bolsonarismo. Tarcísio, por exemplo, reduziu seu desconhecimento de 45% para 39% em apenas cinco meses, Ratinho e Eduardo Leite também ganharam projeção nacional, o que indica um reposicionamento do eleitorado em direção à direita.
O levantamento ainda aponta um dado simbólico e politicamente relevante: em um eventual segundo turno entre Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), os dois aparecem tecnicamente empatados com 41% das intenções de voto. Outros 13% afirmam que votariam em branco, nulo ou não compareceriam às urnas, enquanto 5% estão indecisos. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Esse cenário confirma que a polarização entre Lula e Bolsonaro permanece viva — e mais acirrada do que nunca. Mesmo inelegível, Bolsonaro segue com forte apelo entre o eleitorado, o que mostra que sua força política está longe de ter sido anulada. Caso ele consiga reverter sua inelegibilidade até o pleito, o embate direto tende a ser intenso e imprevisível.
Além disso, 52% dos entrevistados afirmam que Lula não deveria disputar um novo mandato, enquanto apenas 42% defendem sua candidatura. A tendência de queda na aprovação do governo e a ascensão de nomes da oposição colocam o PT em uma posição cada vez mais vulnerável.
Com um eleitorado majoritariamente indeciso (78% no cenário espontâneo), a eleição de 2026 caminha para ser uma das mais imprevisíveis da história recente, mas os dados já indicam: Lula e a esquerda enfrentam hoje um ambiente político hostil e fragmentado, e os principais adversários têm chances reais de tirá-lo do poder. A necessidade de articulação, renovação de discurso e reconexão com os eleitores será crucial para evitar uma derrota que hoje parece cada vez mais plausível.