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Dados e depoimentos revelam a importância social do artesanato e seu impacto no turismo, na economia e na cultura do Maranhão

Os artesãos maranhenses se dedicam à criação de peças únicas, abrangendo trabalhos em crochê, bordados, cerâmica, biojoias, peças de decoração e diversas outras formas de expressão artística.

No Dia do Artesão, comemorado nesta terça-feira, 19 de março, a Secretaria de Estado do Turismo do Maranhão (Setur/MA) apresenta dados que revelam o papel fundamental desse profissional na preservação e promoção da cultura do Maranhão, no impulsionamento da economia local e na preservação da identidade cultural maranhense.Atualmente, o estado conta com 3.479 artesãos oficialmente reconhecidos pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB). Ainda de acordo com essa base de dados, São Luís se destaca como o município com o maior número de artesãos cadastrados: são 794 registros, seguido por Grajaú (264), Barreirinhas (230), Imperatriz (157), Caxias (132) e São José de Ribamar (120).

Os artesãos maranhenses se dedicam à criação de peças únicas, abrangendo trabalhos em crochê, bordados, cerâmica, biojoias, peças de decoração e diversas outras formas de expressão artística.

19 de março foi escolhido como data para celebrar o Dia do Artesão, por ser, também, o dia de São José, santo reconhecido como padroeiro dos artesãos. A data é uma oportunidade para reflexão sobre o papel desse tipo de profissional na economia, e como é importante implementar políticas públicas eficazes, que garantam o desenvolvimento dessa atividade.

Jorge Beckman, diretor do Centro de Comercialização de Produtos Artesanais do Maranhão (Ceprama) – localizado no Centro Histórico de São Luís -, enfatiza a relevância do trabalho dos artesãos para o setor do turismo e para a cultura maranhense.

“Os artesãos desempenham um papel fundamental para o Maranhão. Eles são os guardiões das tradições locais, transmitindo habilidades e conhecimentos ancestrais que enriquecem a identidade cultural da região”, ressaltou.

A secretária de Estado do Turismo, Socorro Araújo, avalia que o Maranhão tem avançado na preservação do fazer artesanal, indo além da formalização profissional. “Temos apostado no talento dos nossos artesãos, implementando políticas públicas que dão visibilidade ao trabalho.  Neste mês, assinei um Termo de Cooperação com outras secretarias estaduais para o projeto ‘Feira Delas’, que incentiva a participação das mulheres em feiras de artesanato”, frisa a secretária.

Confira abaixo, depoimentos de artesãos maranhenses que atuam no Ceprama, sobre a relevância social e cultural do ofício.

Tradição

Andrelina Silva trabalha com bordados e aplicações ligados ao Bumba Meu Boi do Maranhão há mais de dez anos. A artesã conta como o artesanato está profundamente enraizado na cultura e em sua vida.

“O Bumba Meu Boi é uma expressão cultural marcante do Maranhão, contribui para o sustento da minha família. Transmitir meu ofício é dar continuação a uma tradição familiar de compartilhar as técnicas e práticas artesanais. É maravilhoso e fundamental viver em um ambiente rico culturalmente, como o Maranhão”, compartilhou Andrelina.

Com 34 anos de profissão, Lúcia Franco se sente grata por exercer a atividade de artesã. “Ser artesã é a minha vida e o Ceprama desempenhou um papel fundamental ao longo desses 34 anos”, comentou.‌

Da infância até se tornar uma especialista nessa forma de arte, a jornada da artesã Maria do Espírito Santo é genuinamente inspiradora no mundo do artesanato. O amor e talento pelo bordado, miçangas e paetês foram se desenvolvendo ao longo de duas décadas.

“Trabalhar com o Bumba Meu Boi e bordar chapéus para diferentes grupos e eventos é uma experiência incrivelmente gratificante e repleta de significado. Encontrei minha vocação desde a minha infância e continuo exercendo o que amo, mesmo diante dos desafios que possam surgir, como os problemas de saúde que enfrento”, desabafou.‌

Criatividade

O artesão Benedito Silva, mais conhecido como Biné, descobriu uma forma inovadora de unir a paixão pela Educação Física, com a dedicação à arte de desenvolver jogos educativos em madeira, voltados à aprendizagem infantil.

“Minha trajetória teve início há 16 anos. Sou professor de Educação Física e comecei a buscar maneiras criativas de estimular a imaginação das crianças, combinando minha paixão pela Educação Física, com a arte de produzir jogos educativos. Eu crio e adapto jogos tradicionais”, explicou Benedito.‌

Coletividade

Robert Wagner Silva, artesão e diretor da Cooperativa de Trabalho e Produção dos Derivados do Buriti (Cooperburiti), em Tutóia (MA), expressa o talento artístico por meio do macramê. Ele partilhou a profunda ligação com o artesanato ao longo da vida, influenciado, desde a infância, pelas habilidades artesanais de familiares.

“São muitos os desafios para os artesãos e artesãs. Um deles é o artesão se perceber como um coletivo e não como um indivíduo isolado, autônomo. É a partir da produção coletiva e do consenso que é possível o artesanato ingressar com mais força no mercado nacional e internacional”, completou Roberth Wagner.

Durante a pandemia, Robert auxiliou a mãe, que teve a saúde afetada pela Covid-19. Ele e a mãe abriram uma loja em Tutóia para valorizar o artesanato local. Imerso nas comunidades produtoras e em técnicas tradicionais, como cestaria e crochê em fibras de buriti, eles desenvolveram a Cooperburiti, reunindo cerca de 50 mulheres da região, para fortalecer o artesanato local.‌

Turismo

Todos os artesãos já citados, atuam no Ceprama, onde expõem trabalhos em diferentes tipologias. O Ceprama é considerado “a casa do artesão” maranhense, espaço que agrega valor ao turismo, proporcionando aos visitantes a oportunidade de apreciar e adquirir peças únicas, que representam a rica tradição artística do Maranhão.‌

Durante uma visita ao Ceprama, o casal de turistas Enus e Faride Pereira, de Aracaju (SE), apreciaram o artesanato local e notaram diferenças e semelhanças entre as produções artesanais maranhenses, com as que são produzidas em outras regiões do Nordeste brasileiro.

“É sempre enriquecedor observar as diferenças e semelhanças entre as produções artesanais de diferentes regiões. Compartilhar a riqueza cultural de diferentes lugares é uma forma maravilhosa de celebrar a diversidade”, disse Faride Pereira.‌

O Ceprama

Fundado em 1989, o Ceprama funciona em um casarão onde funcionava a antiga fábrica da Companhia de Fiação e Tecelagem Cânhamo, no coração do bairro cultural da Madre Deus, em São Luís(MA). Localizado na Rua de São Pantaleão, no bairro Madre Deus, o espaço conta com uma feira permanente de artesanato, que funciona de segunda a sábado, das 9h às 17h30.‌

No local, os visitantes têm a oportunidade de conhecer estandes que comercializam produtos em fibras de buriti, vime, fibra de tucum, chifre, especiarias, telas pintadas a óleo, rendas, madeira, azulejaria, argila, cerâmica vitrificada, couro, fibra, renda de bilro e vestuário e indumentárias de grupos juninos.

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