
Existem algumas coisas que são indispensáveis. Energia é uma das mais importantes porque é essencial para a civilização moderna. E energia mais barata significa fertilizantes mais baratos, assim como o cimento e quase tudo.
O mundo precisa gerar mais energia para que os pobres possam prosperar, mas essa energia não pode gerar mais efeito estufa. As energias renováveis, eólica e solar, poderiam causar um grande impacto na solução do problema, mas é claro que não são suficientes para que se chegar a zero nas emissões de carbono. O vento nem sempre sopra e o sol nem sempre brilha. E não dispomos de baterias de baixo custo, capazes de armazenar quantidades de energia para abastecer uma cidade inteira pelo tempo necessário. Além disso, a produção de eletricidade representa apenas 27% das emissões totais do efeito estufa.
E os outros 73%? O motivo da meta de zerar as emissões é simples porque os gases de efeito estufa retém o calor, fazendo subir a temperatura média da superfície terrestre. Quanto maior o acúmulo de gases, mais a temperatura sobe. E uma vez na atmosfera, gases de efeito estufa ficam ali por muito tempo: cerca de 1/5 do dióxido de carbono emitido hoje continuará no ar daqui a dez mil anos.
Não existe cenário hipotético de continuarmos a lançar carbono na atmosfera e o mundo parar de se aquecer. E quanto mais quente fica, mais difícil será para os humanos sobreviverem, que dirá prosperar. Quanto maior a redução, maior o benefício.
Toda a atividade humana na vida moderna – cultivar produtos agrícolas, fabricar coisas, se deslocar de um lado para o outro – envolve a liberação de gases de efeito estufa. E mais gente adota, a cada dia, esse estilo de vida. É bom porque é um sinal que a vida está melhorando. Mas será catastrófico.
Um bilhão de pessoas não têm acesso a um sistema confiável de eletricidade, ½ delas na África Subsaariana. Hoje são 800 milhões de pessoas. Renda e consumo de energia estão interligados. São dois números que precisamos ter em mente sobre mudanças climáticas. Um é 51 bilhões e o outro é zero. 51 bilhões são as toneladas de gás de efeito estufa que o mundo lança à atmosfera atualmente. E de modo geral está subindo. Zero é o que devemos almejar.
Ano-limite – Para evitar o aquecimento global e evitar os piores efeitos das mudanças climáticas (e eles serão bem ruins), o ser humano precisa parar de emitir gases de efeito estufa para a atmosfera. Para chegar a isso, existem metas estabelecidas para 2030, 2040, 2050 – este é o ano-limite, quando o mundo terá que parar de jogar gases de efeito estufa na atmosfera. Mas o programa vai apertando e os países estão procurando cumprir, pois as penalidades nesse mundo global custarão caro para quem não cumprir as metas.
Nesse meio tempo, os países precisam abandonar, paulatinamente, o uso de energias fósseis, como carvão mineral, óleo diesel, óleos pesados, gasolina, querosene e finalmente gás natural (que é o menos polui) e chegar o mais breve possível ao equilíbrio, que será alcançado quando igualar a emissão desses gases de efeito estufa com créditos de carbono equivalente ao emitido, o que pode ser conseguido internamente ou comprando de países que emitem esses créditos pela preservação de suas florestas, manguezais, recuperação de áreas degradas e outras. Tudo isso será certificado por certificadoras credenciadas globalmente, que informarão se em algum momento da produção daquela mercadoria houve emissão de gases de efeito estufa.
Se isso for constatado, aquele produto será pesadamente taxado, taxas que aumentarão progressivamente com o passar dos anos. O que tornará inviável vender esses produtos, obrigando os investidores a trocar a sua fonte poluidora por energia limpa.
Temos até 2050 para mudar tudo.