
Sem dúvidas, temos sim. Vemos, por exemplo, o Piauí, onde o governador Rafael Fonteles luta, jogando todo seu prestigio, para construir o Porto de Luís Corrêa, tentando viabilizar a Zona de Processamento de Exportação ZPE de Parnaíba a segunda do Brasil a funcionar. Mesmo sabendo que o porto será limitado pela baixa profundidade do local e jamais será um bom porto. Tanto que já conseguiu recursos e vai tocando as obras e dragagens necessárias sem esmorecer. Um exemplo, assim como me parece ser o que também acontece no Ceará, que compreendendo a importância de um porto para o desenvolvimento projetaram e construíram o Porto de Pecém, conseguindo inclusive uma parceria financeira e operacional com o grande porto europeu de Roterdam que detém 30% das ações do empreendimento. O Ceará tinha a ZPE, pioneira no Brasil, que se tornou muito forte com uma usina siderúrgica que serviu de ancora para atração de muitas empresas para lá, inclusive fabricantes de componentes para usinas eólicas. A despeito de que não estão ligados ao sistema ferroviário brasileiro vão conseguindo manter vivo um sistema muito menor e sem importância nacional que é a Ferrovia Transnordestina, com a visita do presidente Lula para garantir recursos do Fundo Constitucional do Nordeste e a luta ferrenha que travam para se consolidar como o estado das energias renováveis e verdes.
Nós aqui temos tudo para nos transformarmos em um dosestados mais desenvolvidos do Brasil, mas ao mesmo tempo temos nos contentado com pouco, muito pouco, face as nossas imensas possibilidades.
José Sarney, quando governador, foi um exemplo do inconformismo com o “status quo” e enfrentou todas as
dificuldades que encontrou pela frente para dotar o Maranhão de peças fundamentais ao seu desenvolvimento.
Um dos maiores exemplos é o Porto do Itaqui, que o ministro da Marinha, muito poderoso, nem queria ouvir falar. Com o apoio do Ministro dos Transportes, Mário Andreazza, um grande benfeitor do Brasil e do Maranhão, o governador José Sarney conseguiu vencer a parada se valendo até do Duque de Caxias, que em seus documentos defendia o Porto do Itaqui. Essa citação de Sarney teve imediato apoio de Andreazza, que se aproveitou dela, para dar a decisão final na discussão do mérito desse porto e de sua viabilidade econômica e financeira.
Mas, não foi só isso, conseguiu do presidente Castelo Branco a Construção da Barragem de Boa Esperança, que trouxe energia elétrica firme para o Maranhão, fez a Caema apoiada no Planasa, a Ponte do São Francisco, que permitiu a nova São Luís da zona litorânea, e a preservação da velha cidade de São Luís. E tanta coisa mais.
Quando Presidente foi lançada a Ferrovia Norte Sul, a mais importante obra ferroviária do país, que em decorrência dela, hoje o País passou de comprador de alimentos para um dos maiores produtores de alimentos do mundo. E é obra fundamental para o desenvolvimento do Maranhão. Mas, falta a Ferrovia Norte Sul um porto profundo no norte do país, fundamental para suportar o crescimento acelerado da produção agrícola brasileira. Esse porto dará continuidade aos enormes benefícios que o Porto do Itaqui trouxe ao Maranhão, completando a logística ainda em desenvolvimento da Ferrovia Norte Sul, evitando os problemas atuais que se transformaram
no custo Brasil.
A falta de capacidade portuária impacta preços de grãos conforme relatório do Rabobank, impacto esse causado pelos tempos de espera para carregamento nos preços dos grãos. É fácil ver isso está acontecendo aqui pelas filas de navios esperando descarregar e carregar. Isso causa um alto custo adicional e impacta a rentabilidade do agricultor e a capacidade de investir em maior produção, é um efeito negativo à rentabilidade do produtor.
Esse porto é uma nova instalação portuária de águas profundas de classe mundial em Alcântara, que será ligado a Ferrovia Norte Sul por ferroviária de 520 km, conectando o vasto território do Brasil com o resto do mundo. É uma atualização do projeto pioneiro do Porto do Itaqui, ligado a Ferrovia Norte Sul pela Ferrovia dos Carajás, que já não tem espaço para cargas que não sejam minério de ferro em face da expansão das exportações da
Vale.
Logo essa atualização e ampliação dos benefícios do grande porto do Itaqui precisam ser realizados agora, e isso pode ser feito, como recomendado pelo Banco Mundial, que mostrou que o grande porto compatível com a FNS é o porto de Alcântara e a ferrovia é parte integrante dele. Ferrovia que foi considerada pelo INFRA do Ministério dos Transportes como o melhor projeto ferroviário do país.
Isso acaba ou prejudica o Porto do Itaqui? Nunca. Pelo contrário se esses dois grandes portos trabalharem em conjunto através de um acordo operacional, não haverá limites para o porto do Itaqui, e as imensas filas de navios desaparecerão junto com os custos que traz.
Ganha todo o Brasil, ganha o agronegócio, e principalmente ganha o Maranhão que passará a ser um parceiro global se a isso se juntar a ZPE, já aprovada, e a produção de alimentos e energia.
Por isso a pergunta óbvia. Porque não nos juntamos todos sob a liderança do governador e apoio da classe política e empresarial e vamos dar uma chacoalhada a moda alencarina?