
Uma policial civil do Maranhão denuncia ter sido agredida com um pedaço de madeira por um instrutor da Polícia Militar em um curso tático no Ceará. De acordo com a vítima, outras 21 mulheres teriam sofrido a mesma agressão. O motivo seria o sumiço de um pedaço de pizza.
A identidade da policial não foi divulgada. Ela está fazendo tratamento psicológico para lidar com o trauma.
‘‘Estava em outra parte quando vi aquele cara louco falando ‘roubaram minha pizza’. São Loucas’. Ele colocou todo mundo em posição de flexão e desceu a paulada em todas, na bunda. Tinha 22 comingo’’, disse a mulher.
O curso, com duração de quatro semanas foi promovido pela Secretaria da Segurança do Ceará para treinamento de mulheres militares de Pernambuco, Maranhão, Paraná, Rio Grande do Norte e Piauí.
A agressão dói na hora, mas o que fica é a dor psicológica. Dói e te move a fazer o que estou fazendo. Não tem sido fácil. Eu saí do curso, mas o curso não saiu de mim até hoje. Estou em tratamento (terapêutico)’’, informou a policial, ao g1.
O curso tinha como proposta um treinamento de defesa pessoal, técnicas operacionais policiais, salvamento, entre outros procedimentos. Aulas foram ministradas por PMs do Tocantins.
Conforme os relatos da denunciante houve um segundo momento de agressão, quando o PM pediu que as policiais se retirassem do local. Como parte das agentes já estavam com marcas devido ao treinamento, o retorno à sala de instrução não foi feito com rapidez, o que teria deixado o professor irritado.
‘‘Ele mandou voltar porque achava que a gente estava retardando. Lá tudo é corrido. Ele botou a gente em posição de flexão de novo, eu e mais três, e desceu a paulada de novo. Mas, desta vez, foi com mais ódio, tanto que gritei de dor. Não conseguir, ficar calada’’,
A Secretaria da Segurança Pública afirmou que tomou conhecimento da denúncia de agressão durante o curso e diz que abriu uma investigação para apurar o caso.
“A Secretaria da Segurança ressalta que um inquérito policial para apurar o fato foi instaurado na Delegacia de Defesa da Mulher, onde foram realizadas oitivas e a vítima recebeu todo acolhimento, além de ser encaminhada para a realização de exame de corpo de delito”, diz a pasta.
A Controladoria Geral de Disciplina, que investiga denúncias contra agentes de segurança no Ceará, também abriu procedimento disciplinar para investigar o caso no âmbito administrativo.