Morte de modelo reascende discussão sobre pressão estética
Famosos se submetem a procedimentos invasivos com frequência na busca do chamado "corpo perfeito"

A morte de Luana Andrade, aos 29 anos, reacendeu uma discussão muito importante na web: o peso e as consequências da pressão estética social. A modelo morreu, nesta terça-feira (7), em decorrência de complicações durante uma cirurgia de lipoaspiração nos joelhos. Mesmo que o motivo do procedimento não tenha sido unicamente estético — ela tinha diagnóstico de lipedema —, foi um fator contribuinte, como confirmou uma amiga da jovem.
A influenciadora Laís Caldas, por exemplo, foi recentemente atacada na web por ter “joelhos gordos”. A médica surgiu com curativos falsos na região, ironizando os haters e dizendo que tinha feito um procedimento no local. Poucos dias depois, a morte de Luana foi anunciada.
A terapeuta alerta também para o círculo nocivo do padrão de beleza, que faz com que as mulheres acreditem não serem bonitas o suficiente. Isso alimenta a indústria da beleza e incentiva a busca por tratamentos, procedimentos e cirurgias para aproximá-las desse padrão comercializado.
Por isso, tentar se encaixar nesse modelo a qualquer custo não é boa nem física, nem mentalmente, como alerta o psicólogo Alexander Bez, especialista em ansiedade e síndrome do pânico pela Universidade da Califórnia (Ucla). “A busca pela perfeição não é algo saudável para a nossa saúde mental e é a raiz de diversos transtornos”, declara.
O influenciador Rico Melquiades confessou ter feito quatro cirurgias plásticas no rosto, em outubro, porque estava “cansado de ser chamado de feio” — como ele mesmo disse. Após a cirurgia, contudo, o influenciador continuou sendo atacado.
Esse comportamento dos internautas prova que não é possível agradar a todos, e que as pessoas irão, sim, criticar e apontar erros. Visto isso, qualquer mudança a ser feita deve ser motivada única e exclusivamente por uma vontade própria. Além de ser de extrema importância a realização de um acompanhamento psicológico, como sugere Bez.
“Se tornar um influenciador é um desejo que muitas pessoas têm, porém, existem consequências, como ter que lidar com as críticas dos internautas, o que não é fácil. Por isso, ter um acompanhamento com psicólogo ou psicanalista é muito importante. Quando se trata de lidar com opinião alheia, é preciso criar uma grande habilidade mental”, explica.
Outra celebridade que passa por situações desagradáveis com comentários de haters é Giulia Costa. A atriz é constantemente comparada à mãe, Flavia Alessandra, principalmente fisicamente.
Em setembro, a estudante, de 23 anos, reuniu uma série de prints de comentários cruéis sobre seu corpo e compartilhou em seu perfil na web. “Olha sua mãe, que espetáculo de mulher, se cuida. Quando você chegar na idade dela, vai estar acabada”, era o que dizia um dos recados mostrados.
O casal Viih Tube e Eliezer, pais da Lua, veio a público em mais de uma ocasião desabafar sobre a gordofobia que a bebê sofre nas redes sociais, mesmo tendo acabado de completar 7 meses de vida.
Em agosto, quando Lua tinha apenas quatro meses, Eliezer rebateu as críticas ao peso da filha pela primeira vez. “É muito ruim, para mim e para a Viih, esses comentários insinuando que nossa filha esteja ‘doente’. Se coloquem no nosso lugar, com alguém falando que ‘sua filha está obesa, com problemas de tireoide, que ela vai ser obesa’. Que isso, gente? Ela é um bebê de 4 meses e saudável”, disse ele.
A terapeuta Marlene alerta que o índice de transtorno alimentar — que é maior entre as mulheres — está começando cada vez mais cedo, afetando tanto crianças, quanto adolescentes.
“A gente vê meninas, crianças na puberdade desenvolvendo transtornos, e sabemos que as redes sociais contribuem muito para isso. As pessoas se comparam e acabam vendo, ali, conteúdos que são gatilhos para um quadro de insatisfação, depressão e frustração”, afirma a especialista. (R7.com)