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ARTIGO: CHINA E MARANHÃO

A última vez em que estive na China fazia parte da comitiva brasileira, chefiada pelo presidente Temer, para participar da reunião dos países que formam os BRICS, (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Era a quinta visita minha à China, quatro delas oficiais.
Em Pequim, encontrei o vice-governador, Carlos Brandão e, na mesma tarde, a comitiva esteve com o presidente Xi Jiping, vários ministros e autoridades do governo chinês, em recepção de boas vindas oferecida pelo presidente Xi. Foi uma recepção calorosa, ocasião em que Xi Jiping teve oportunidade de demonstrar a grande cordialidade que une nossos países. Michel Temer agradeceu em nome dos brasileiros. Depois, eu e Brandão estivemos no escritório da Sincopen, gigantesca empresa chinesa do ramo do petróleo e da petroquímica. Lá, com empresários brasileiros que estavam desenvolvendo um grande projeto de interesse do Maranhão, a refinaria e o polo petroquímico, estivemos reunidos com toda a diretoria da empresa chinesa, que demonstrou grande interesse no projeto, e saímos de lá muito satisfeitos porque os empresários assinaram um protocolo de entendimento, demonstrando oficialmente o grande interesse mútuo pelo empreendimento. Nos dias seguintes, participamos ativamente da reunião dos BRICS, que aconteceu em Xiamen, uma cidade muito bonita, um verdadeiro jardim, que havia sido governada por Xi Jiping. Ali, assistimos à reunião onde o presidente chinês afirmou que o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), dos BRICS, tinha muito dinheiro, mas que os projetos não estavam chegando.
Tempos depois, já com projetos muito avançados e diversas vindas ao Maranhão de engenheiros chineses, com todas as principais linhas do projeto definidas, tais como localização, porto exclusivo e outros, o projeto perdeu força devido a uma promessa quebrada pelo nosso governo de não intervenção nos preços da Petrobras, evitando o que havia acontecido no governo Dilma que, para combater a inflação, achou que o melhor caminho era congelar os preços da gasolina e do diesel. Isso, evidentemente, mexia com as taxas de retorno do empreendimento e tornava uma incógnita a viabilidade do projeto. O que levou a isso? Aconteceu uma greve de caminhoneiros que parou o país e o governo interveio nos preços do diesel, na Petrobrás, o que acabou por afastar os empresários porque isso quebrava toda a engenharia financeira do projeto e os expunha a riscos enormes. A desconfiança matou o projeto.
China parceira do Brasil – Hoje, não há dúvidas de que o nosso maior parceiro no comércio exterior é a China. O Brasil caminha para se tornar o maior produtor de grãos do mundo e nossos maiores compradores são os países asiáticos, principalmente a China. E no minério, com o alto teor do minério de ferro de algumas minas da província mineral de Carajás, a Vale exporta um produto de enorme rentabilidade, tanto para ela quanto para a China, por diminuir muito a poluição das siderúrgicas chinesas. Por isso, além do preço é pago um bônus, o que o torna um dos produtos de maior retorno financeiro do mundo. Se a Vale conseguisse cumprir suas metas de exportação (o que parece que não está acontecendo, por problemas internos na companhia), teríamos chances de crescer muito no setor mineral em relação aos australianos que são os maiores, mas têm problemas políticos com a China, ao acompanhar políticas dos EUA.
Esses produtos, em grande parte, são exportados por portos na Baía de São Marcos, alguns com profundidade próximas a 25 metros, que permitem que essas exportações possam ser feitas em grandes navios, os maiores do mundo no caso dos minérios. E isso é uma enorme vantagem pelos baixos fretes que permitem. Esse é, principalmente, o caso do minério de ferro. No caso dos grãos, a nossa logística de transportes é muito ruim o que leva ao seguinte paradoxo: no Arco Norte (como se dividíssemos o Brasil com uma linha: o que estivesse acima de Brasília faria parte do Arco Norte, numa explicação grosseira e imprecisa, mas que permite imaginar o que falo) produzimos 56% da produção brasileira de grãos e exportamos pelos portos da área apenas 28% da produção. Por falta de logística de transporte apropriada, esse fato acaba por se tornar mais um componente do “Custo Brasil”, causando custos desnecessários aos produtores da região. Portanto, se conseguíssemos dotar a região de excelência na logística de transportes os nossos portos, principalmente Itaqui e o Terminal Portuário de Alcântara (que terá 8 berços com 25 m de profundidade), permitirão ao Brasil aumentar a capacidade que temos de nos tornar celeiro do mundo, o que nos trará grandes ganhos econômicos.
Assim, vamos chegando onde quero chegar: a Ásia, principalmente a China, está associada ao Maranhão, através de laços firmes econômicos e sociais. E com amplas expectativas no futuro, pois a região da Ásia e África, no Oceano Índico, segundo dados da ONU, dentro de 20 anos concentrará 60% do comércio global, o que hoje se dá no Atlântico Norte.
Temos então em nossa frente a possibilidade de transformar esses laços, fortes e reais, em grande oportunidade de desenvolvimento do nosso Estado, em bases muito sólidas.
Brandão, vice-governador do Maranhão, me contou que procurou o banco dos Brics para arranjar um financiamento para melhorar e pavimentar toda a MA-006, estrada que liga os portos da Baía de São Marcos a Balsas, e o NDB estudou o assunto, observou a viabilidade do negócio e se prontificou a financiar. Tudo certo, mas o ministério da Economia brecou o empréstimo ao se recusar a dar a fiança, embora o Maranhão tivesse saldo para isso na ocasião. E o negócio não pôde ser feito.
Então, já que nos bloqueiam essa via fácil para nós, temos que nos unir em busca de uma solução, envolvendo a FIEMA e toda a classe produtora, o Governo do Estado, os profissionais do setor, enfim, todos que tiverem condições de colaborar para encontrar a solução que dará ao Maranhão, definitivamente, bases firmes para nosso sonhado desenvolvimento.
Eu, que venho estudando esse assunto a algum tempo, tenho uma sugestão: a primeira seria o Governo do Estado definir alguns projetos de infraestrutura de grande interesse para o nosso desenvolvimento e apresentá-los a empresários chineses para construí-los em parceria com os empresários donos desses projetos, ajudando a viabilizar essa infraestrutura produtiva.
Uma outra seria criar um fundo em sociedade com a China para o financiamento do melhoramento da logística de transporte, destinada a melhorar a eficiência do sistema de exportação de interesse, tanto do Maranhão quanto da China. O Maranhão investiria como acionista nesses empreendimentos com recursos chineses que receberiam dividendos baseado no retorno dos investimentos.
Fica a ideia para ser melhorada por nossos especialistas. Mas, seria um fabuloso impulso em nossa economia.

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