
Quando eu congregava na Assembleia de Deus da Cidade Operária, em São Luís do Maranhão, numa certa quarta-feira, no culto de ensino bíblico, uma irmã começou a bailar, com um gingado esquisito, dando golpes no ar e dançando toda tremulante, com chiados na língua, como se tivesse tendo algum tipo de ataque neuropsíquico. Naquele exato momento, o pastor Rayfran Batista da Silva, então líder da área à época e competente pastor vocacionado, foi rápido e enfático:
— Êi, êi, êi, êi… — esbravejou ele. — O que significa isso, irmã? Aqui não. Aqui não. Se a irmã quiser exercitar esse tipo de atitude, fique à vontade para ir lá pra onde a senhora aprendeu isso. Mas aqui não.

(Jornalista e escritor)
A irmã parou com os gingados imediatamente, enquanto o homem de Deus continuou ministrando o ensinamento bíblico.
Naquela época, tava com pouco tempo que tinha começado esse negócio de neopentecostalusmo, “cair no espírito”, uma mistura de espiritualismo com evangelicalismo misterioso e estranho. Pessoas desmaiavam, caíam ao chão, ficavam inconscientes e recebiam manifestações sem sentido, do ponto de vista do verdadeiro evangelho.
Coincidentemente, na mesma época começaram intrigas e divisões nas igrejas. O número de “igrejinhas” se multiplicou, de maneira que ficou comum a gente ver minúsculos salões com cinco, seis, sete, oito pessoas reunidas e convencidas de que estavam prestando culto a Deus. Nada contra a pequena quantidade de pessoas. O problema é que quando a gente vai buscar o histórico desses “grupinhos”, normalmente são pessoas que saíram da sua igreja de origem intrigados com seus líderes, sem reconciliação e que, agora, não estão submissas a nenhuma autoridade espiritual. Na verdade, estão totalmente desligadas do corpo organizacional e espiritual da igreja.
Quando isso acontece, o Espírito Santo de Deus não está presente naquele ambiente onde os integrantes não reconhecem a nenhuma autoridade espiritual. Isto porque o Espírito do Senhor não habita num ambiente que foi fruto de rebeldia e intriga. O que ocorre é que, no mundo espiritual, há uma organização de espíritos imitadores da obra divina. São os chamados “espíritos enganadores”.
Essa categoria de espíritos fala em línguas estranhas, batiza com o falso “espírito santo”, opera milagres, cura enfermos, profetiza e vive mostrando visões espirituais a seus possuídos. Num abrir e fechar de olhos, eles dão “revelações” espirituais. Vivem profetizando sobre vida alheia. Só que tais “visões” e “profecias” nunca se cumprem. São falsas. Suas “curas divinas” são temporárias. Isso porque são espíritos imitadores da obra de Deus. Particularmente, estudo esses fenômenos espirituais há muitos anos.
Da mesma maneira que o Espírito Santo não habita mais na vida de um pastor arrogante, que se rebelou contra a igreja Corpo de Cristo, Ele não habita nessas igrejas frutos de rebeldia e divisões. A obra espiritual é muito milidrosa. E quem se rebela e divide o Corpo de Cristo, quebra um princípio da justiça de Deus chamado princípio de unidade e comunhão. E quem quebra o princípio de unidade e comunhão do Corpo de Cristo, comete injustiça e, portanto, pecou contra Deus. Aí, o Espírito Santo se afasta, e os espíritos imitadores preenchem aquele espaço na vida do crente faltoso.