
Esta é a primeira vez que o evento é realizado no Brasil, que está na presidência temporária do grupo desde o fim de 2023.
Fazem parte do grupo, além do Brasil: Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Rússia, Índia, Canadá, Coreia do Sul, Arábia Saudita, México, Argentina, Turquia, Indonésia, Austrália e África do Sul.
Originalmente, são esses 19 países somados à União Europeia — daí o nome G20 (Grupo dos 20). Em 2023, também foi incorporada ao grupo a União Africana, que reúne os 55 países e territórios da África.
O encontro, que termina na terça-feira (19), representa a conclusão dos trabalhos conduzidos pelo Brasil na liderança.
Nele, os chefes de Estado “aprovam os acordos negociados ao longo do ano, e apontam caminhos para lidar com os desafios globais”, segundo a organização do evento.
Mas, além dos acordos, um encontro com as maiores potências do mundo também desperta a atenção pela configuração da geopolítica mundial — num mundo em que guerras violentas têm sido duradouras; em que Donald Trump está prestes a voltar ao poder nos EUA; e em que as mudanças climáticas têm deixado vítimas em tragédias ao redor do mundo.
Reunimos aqui cinco pontos para ficar de olho no encontro que acontece no Museu de Arte Moderna (MAM), no centro do Rio.
As pautas defendidas pelo Brasil vão vingar?
Neste um ano de presidência no G20, o Brasil apostou em temas com maior potencial de convergência entre os países, como o combate à fome e a desigualdade — deixando de lado pontos sensíveis aos diversos integrantes, como os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio.
Além do combate à fome, o Brasil estabeleceu mais duas prioridades: a transição energética e desenvolvimento sustentável; e a reforma da governança global, no sentido de contemplar a nova configuração de poder global em organizações com as Nações Unidas (ONU).
Diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que a agenda que mais avançou foi a do combate à fome e à pobreza.
No primeiro dia da cúpula, o presidente Lula (PT) deverá lançar aquela que é considerada a principal entrega do país durante a presidência do G20: a Aliança Global Contra a Fome.
Trata-se de um mecanismo que pretende facilitar o acesso de países pobres ou em desenvolvimento a financiamento e a políticas públicas voltadas para a redução da fome e da pobreza.
“Não há país que considere que retirar 733 milhões de pessoas da situação de fome seja algo negativo”, disse o embaixador e secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, Maurício Lyrio, principal negociador brasileiro no G20.
Para financiar esta pauta e outras que considera importante, o Brasil tem defendido a taxação dos super-ricos e das grandes fortunas no mundo.
A BBC apurou que o documento final da cúpula deve ter uma menção inédita a essa proposta, mas acompanhado de uma ressalva sobre uma discordância do governo da Argentina.
Em julho, os ministros de finanças do G20 aprovaram um documento defendendo a adoção de políticas de tributação progressiva, inclusive sobre os chamados “ultrarricos”.
Mas, segundo fontes, o presidente argentino, Javier Milei, tentou fazer mudanças nesse texto, que apontava para importância de discutir essa taxação.
“Possivelmente, ele não vai referendar essa proposta brasileira em particular para viabilizar o financiamento”, prevê a cientista política e especialista em relações internacionais Ariane Roder, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ainda assim, o governo brasileiro ainda considera uma vitória ter conseguido o apoio da quase totalidade do G20 à inclusão do tema no documento.
Vale lembrar que o G20 não tem caráter decisório — ou seja, não há garantias de que os países adotem, de fato, o que foi decidido durante a cúpula.
As outras duas prioridades estabelecidas pela presidência brasileira, a reforma da governança global e transição energética, também resultaram em declarações ministeriais antes da cúpula do Rio, mas a avaliação dos especialistas e de diplomatas estrangeiros ouvidos em caráter reservado é de que os resultados nestes campos serão mais limitados.