
O Eng. Agr. Francisco Benedito da Costa Barbosa, publicou recentemente um trabalho com o título “Economia do Maranhão e de São Paulo: Semelhança na Origem, Descontinuidade no Desenvolvimento” que entre 1755 e 1840, por quase 100 anos, o algodão no Maranhão e o açúcar em São Paulo promoveram crescimento econômico nessas respectivas regiões mas, enquanto o Maranhão não soube dar continuidade ao grande
momento econômico que vivia, São Paulo fez da economia açucareira sua plataforma de desenvolvimento econômico, ao transferir capital e infraestrutura do açúcar para o novo ciclo econômico do café e assim a economia agroexportadora de São Paulo-açúcar e café- criaram as condições para que no início do
século XX, o estado iniciasse sua industrialização. O autor fala que o Maranhão, nessa época tinha perdido o ciclo do algodão, e encontrava-se em grande pobreza. Três componentes fizeram a
diferença, mercado, mão de obra e tecnologia. São Paulo havia substituído a mão de obra escrava pela assalariada, fundaram-se instituições de pesquisa e ensino agronômico. O Maranhão assistiu ao declínio do seu mercado de algodão por não ter competitividade, pois estava comprometido com o custo crescente da mão de obra escrava, e também por não ter tecnologias que aumentassem a produtividade.
Em 1774, com a força da economia algodoeira, o Maranhão liderava o PIB per capta do Brasil com 112 dólares, o menor era da Paraíba com 22,4 dólares, enquanto o PIB médio per capita brasileiro ficava em 61,2 dólares. Em 1780, o algodão respondia por 24% das exportações do Brasil Colônia, superado pelo açúcar que liderava com 34%. (Dados expostos pelo autor). Em 1822 São Luís tinha movimentos intelectuais muito fortes e foi quando ganhou o título de Atenas brasileira, que ganha nova dimensão, até situar-se como a quarta cidade brasileira em população, atrás apenas do Rio de Janeiro, Salvador e Recife. O autor mostra que São Luís era a “Manchester brasileira” com seis fábricas e liderava a industrialização do algodão, seguida por Caxias com quatro e Codó com uma. Depois de experimentar tudo isso entramos em declínio e nunca mais tivemos o protagonismo de antes. O que concorreu paraisso? São Paulo usava mão de obra assalariada e assim os investimentos faziam crescer diretamente a renda da coletividade criando um mercado consumidor enquanto o Maranhão usava o trabalho escravo e assim o dinheiro investido não formava um mercado consumidor. Como essa mão de obra não era assalariada, não tinha renda para formar um mercado consumidor. E com a liberação dos escravos a concorrência
externa acirrada e a concorrência de São Paulo, a economia algodoeira maranhense entra em colapso.
Foi uma grande oportunidade perdida. Por falta de planejamento e de um mercado interno forte derivado dos investimentos. Daí a grande importância do aumento continuo do PIB e do combate a desigualdade. Sem isso o nosso mercado interno será sempre fraco e prejudicará investidores e trabalhadores, pois um puxa o outro.