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Precisamos muito de um Fundo Soberano

Por José Reinaldo Tavares

É muito complexa a época atual. Acredito que ainda não estamos preparados para fazer a transição energética entre as fontes fósseis e as energias renováveis. Está faltando uma preocupação maior com a aceleração do processo de transição energética para as energias renováveis feita de maneira acelerada sem uma preocupação em balancear a expansão da geração de energia com fontes de maior densidade energética e isso acabou com um processo inflacionário no mundo todo.

O meu caro amigo professor Alan Kardec, repete sempre, que nunca houve uma transição energética rápida e nem com adoção de uma única fonte. E que forçosamente a matriz energética mundial tem de tudo, de todas as fontes, funcionando para garantir segurança energética para todo o mundo. Ou seja a segurança energética vem em primeiro lugar para todos os países da terra.

O consumo de energia cresce em grande velocidade, e isso tende a aumentar, com os data centers que suportam a inteligência artificial que hoje já está em tudo mas que consomem enormes quantidades de energia; está na agricultura que precisa aumentar rapidamente a sua produção, para atender o crescimento da população mundial e da riqueza dos povos; e do aumento do consumo de energia devido a penetração dos carros
elétricos, abastecidos a noite o que exige um fornecimento de energia de forma segura e ininterrupta, em horas de baixo consumo. A agricultura moderna precisa de energia, água e fertilizantes. Se o preço da energia se torna mais alto torna mais cara a produção de fertilizantes, a falta de segurança energética inflaciona a economia, e por conseguinte a produção de alimentos.

Quase tudo na vida precisa de energia e água, e a água precisa ser precificada adequadamente, e seus usos múltiplos precisam entrar no planejamento multisetorial, pois é tão vital a disponibilidade de água quanto a segurança energética, e o uso da água no Brasil, a maioria das vezes vem com grande desperdício. A energia é paga mas a água na maioria das vezes não, e isso precisa mudar. Assim com a tremenda poluição que suja e contamina a maioria dos nossos rios e córregos.

O resultado do desequilíbrio entre consumo exacerbado de energia trouxe como consequências mais evidentes o aumento significativo do preço dos combustíveis e a alta nas tarifas de eletricidade inflacionando as economias no mundo desenvolvido em patamares inéditos nos últimos anos. Consequentemente impactando a renda da população. Isso causou recessão econômica em vários países mais expostos.

Foi o aumento dos custos da energia que atingiram a agricultura subsidiada da Europa que levou a grandes protestos, muito fortes, no setor agrícola de vários países europeus como a França.

Isso afetou os países pois começaram a acontecer dúvidas sobre o processo de retomada da segurança energética e alimentar e o redenho das cadeias de suprimentos muito afetadas durante a pandemia. Suscitou dúvidas e incertezas onde parecia não haver.

De tudo isso vê-se claramente que não há como não usar o petróleo até que tenhamos condições de assegurar segurança energética usando fortemente outras fontes. Mas, acredito que ainda levará muito tempo para que o petróleo deixe de ser usado fortemente. É o petróleo que vai financiar a transição que é irreversível, inclusive para que possamos corrigir a intermitência das fontes renováveis, que prejudica a produção do hidrogênio verde, com o mau funcionamento dos hidrolisadores, que não são projetados para receber energias intermitentes.

Tudo o que falamos necessita de recursos financeiros, financiamentos compatíveis com esses empreendimentos, que dificilmente são encontrados no mercado brasileiro. Sem dinheiro nada acontece, cito como exemplo um projeto que é uma unanimidade positiva, e que mesmo com a busca incessante ainda não conseguimos os recursos necessários nem para fazermos o projeto piloto, que permitiria com o seu funcionamento atrair capitais para agir contra a pobreza extrema e a desigualdade social, ainda muito grandes em nosso estado e no Nordeste, que é o projeto das Casa de Esperanças.

A exploração do petróleo da Margem Equatorial que sem dúvidas vai financiar a transição energética, é que pode dar solução ao maior problema da região que é a falta de desenvolvimento econômico, estável e duradouro, e a pobreza, e que só acontecerá se houver capitais para isso.

É aí que se impõe um Fundo Soberano, nosso, maranhense, formado com o dinheiro da exploração do petróleo em nossas costas marítimas. Todos os existentes tem a mesma fonte financiadora: o petróleo. Não há como financiá-lo de outra forma.

Esse fundo se operado profissionalmente financiando apenas projetos com grande retorno econômico e social, colocaria o nosso estado, pródigo em recursos naturais como a água, o sol, vento, infraestrutura do mais alto nível no que se refere a ferrovias e portos, como candidato a ser o grande impulsionador do desenvolvimento econômico e dar o salto qualitativo na oferta da educação pública de qualidade pois para isso também se precisa de recursos vultuosos e bem aplicados.

Essa é a nossa grande chance. Não pode ser perdida.

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