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Brasil ficou mais pobre mesmo antes da Covid

Artigo escrito por José Reinaldo Tavares

O PIB per capita recuou tanto que está no nível que tinha em 2007. Aprofessora Débora Freire, economista e professora da UFMG, diz: ”antes da Covid, o Bolsa Família tinha filas enormes. Famílias que empobreceram na crise não estavam sendo atendidas. Isso não poderia ter acontecido porque, uma vez que a família cai na extrema pobreza, ela pode levar gerações para se recuperar”. O Brasil ficou mais pobre nesse governo e não apenas por causa da Covid ou da Guerra da Ucrânia.

Quando assumiu o cargo, em um cenário de economia ainda fragilizada pela recessão dos anos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), o presidente fez escolhas. Reduziu investimentos públicos, avançou pouco na agenda de reformas e travou o Bolsa Família, deixando a fila do programa crescer. Com a crise social se agravando a três meses da eleição, presidente e aliados encampam uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para distribuir 4,25 bilhões de reais em auxílios.

O PIB per capita, indicador que mostra a produção da riqueza dividida pelo número de habitantes, fechou o ano passado em US$ 7.500 (41 mil reais). São cerca de US$ 5.726 (31 mil reais) – menos que o pico registrado em 2011. O valor atual equivale ao patamar de 2007.

Em 2018, ultimo ano do governo Temer o indicador estava em US$ 9.151,40 (49 mil). Dados relativos à renda média do brasileiro também mostram esse empobrecimento. O rendimento médio caiu de R$ 2.823, no início de 2019, para R$ 2.613, no primeiro trimestre de março a maio deste ano, segundo o IBGE.

Mesmo antes da pandemia, esse valor já vinha caindo: no trimestre de dezembro de 2019 a fevereiro de 2020, o rendimento médio do brasileiro estava em R$ 2.816. No primeiro ano de Bolsonaro, o Bolsa Família sofreu a maior queda de sua história, recuando de 14 milhões para 13 milhões de famílias. A fila de espera superou 1,5 milhão. O economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da FGV-IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), acredita que a gênese do empobrecimento esteja na incapacidade dos governos de ajustar contas públicas, o que elevaria a confiança das empresas para aumentar os investimentos, a geração de empregos e o aumento da renda. Os recursos destinados a iniciativas que servem de apoio à ampliação do bem estar social, em áreas como trabalho, saneamento, habitação, lazer e cultura despencaram.

Caíram de R$ 111,6 bilhões para R$ 73,4 bilhões, no ano passado, queda de 34% em valores ajustados pela inflação. A PEC Eleitoral, diz Barbosa, está focada em aspectos eleitorais porque não há programa de combate à pobreza estrutural em fazer transferências e dando incentivos por três meses.

Essa é a realidade dura e cada vez pior para os mais pobres. Não há solução à vista. (artigo baseado na matéria da Folha de São Paulo, de domingo, da autoria de Alexa Salomão.)

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