
Meu governo foi vanguardista em muitas ações, algumas até muito avançadas para seu tempo. E muitas delas foram descontinuadas talvez porque alguns dirigentes,que me sucederam, não conseguiram compreender o que significavam, ou não eram suas prioridades, e com isso privaram muitos segmentos populacionais dos seus imensos benefícios. Nada ficou no lugar, nem tentaram aprimorar, nada.
Simplesmente cortaram os recursos e o programa acabou. E muitos desses programas resultaram no maior avanço de dois indicadores muito importantes: o PIB que teve grandes taxas de crescimento em todos os anos do meu governo, maiores que as do Brasil e também as do Nordeste, assim como a diminuição muito forte das taxas de pobreza e pobreza extrema e grande avanço educacional, com incremento expressivo do IDH. Isso nunca mais se repetiu, perdemos o foco.
E que programas foram esses? Vou colocar o que considero mais importantes. Começo com a UNIVIMA, o
Saúde na Escola, o Programa de Combate a Pobreza em parceria com o Banco Mundial, o Bolsa Atleta,
Banheiro em sua Casa, Água em sua Casa, a implantação do segundo grau em 157 municípios que
previa em segunda etapa a melhora da qualidade, Os Mutirões da Cidadania, o Vestibular da Cidadania, o
Convênio com a ESALQ, (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP) pra fazer no estado um polo de cana de açúcar e álcool, o apoio ao esporte amador, o enorme apoio ao turismo e a Cultura, entre outros, todos visando, em ação coordenada o aumento do IDH.
Vou falar um pouco sobre a UNIVIMA, hoje uma unanimidade no mundo inteiro, adotado pelas melhores
universidades do mundo e muito aprimorado com novas tecnologias, muito melhores.
Quando resolvi fazer uma universidade virtual, a ideia básica era levar aulas de qualidade para qualquer
município por mais pobre e desprovido que fosse. Para isso precisava de um sistema interativo, pelo qual os
alunos pudessem fazer perguntas e buscar esclarecimentos dos professores durante a aula. Senão
não iria funcionar. Para aulas práticas construímos laboratórios de física, química, física, e outros nas sedes
regionais, pois dividimos o estado em municípios escolhidos como polos regionais, dotados de boas salas
de aula e laboratórios. Mas o forte do programa era levar essas aulas por vídeo conferência as escolas públicas do interior.
Eu tinha a ideia, sabia o que queria, mas não sabia como fazer e nem que tecnologia adotar. Chamei então para
conversar o Dr. Othon Bastos, reitor da UFMA na ocasião, e conversamos muito sobre o assunto que ele
conhecia muito bem, estudara, e conhecia uma tecnologia nova que poderíamos usar. Ele me convenceu
da viabilidade da ideia e eu o convidei para trocar a UFMA pela UNIVIMA, que ainda nem existia. Ele, como
estudioso e apaixonado por educação, aceitou o desafio e depois acumulou a universidade virtual com a
Secretaria de Ciência e Tecnologia, também criada por mim.
Foi um sucesso estrondoso, atraiu a atenção dos estudantes e professores e logo tivemos o reconhecimento do MEC que nos primeiros momentos torcia a cara para esses projetos. A UNIVIMA ajudou muito a expandir a educação no estado levando qualidade e formando professores. Ao mesmo tempo assinamos convênios com a Universidade de Santa Catarina e outras e tínhamos aulas ministradas por profissionais da educação de outros estados. Pena que tudo isso foi interrompido e não aprimorado ainda mais.
Hoje, tenho certeza, estaríamos conectados e recebendo apoio das maiores universidades do mundo.
A revista Veja, publicou uma interessante matéria com o título; “Diploma a um clique” , O subtítulo dizia- “No rastro dos avanços tecnológicos, os cursos superiores a distância quebraram paradigmas, atraem hoje mais
estudantes que os presenciais e alargam as portas da inclusão social”. E mostra que as matrículas no
presencial que em 2013 chegavam a 1,507 milhões de alunos e a educação a distância só chegava a 0,445
milhões. Daí para a frente a busca por educação a distância cresceu aceleradamente enquanto a presencial
diminuía o número de matrículas. Em 2019 a educação a distância teve 1,411 matrículas, enquanto a presencial
caiu para 1,203 matrículas. A fonte é o Censo da Educação Superior MEC/Inep. No ensino superior privado as matrículas no presencial que em 2019 chegaram a 4,304 milhões, a projeção para 2025 é de 3,843 milhões, enquanto no ensino a distância que em 2019 o número de matrículas foi 2,260 milhões e a projeção para 2025 é de 4,071 milhões.
Como estávamos certos em 2003!
A revista diz que é consenso entre os especialistas que a virtualização da educação superior representa a solução mais prática para combater os baixos percentuais de universitários brasileiros pois apenas 21,7% dos jovens entre 18 e 24 anos estão cursando hoje uma faculdade- a meta assumida pelo governo em 2014, no Plano Nacional de Educação, era para atingir 33% em 2024.
Na mesma matéria a revista mostra que o desempenho entre os cursos presenciais e os à distância é
semelhante. A média das notas dos alunos da rede privada no Enade quase se igualam. Em Administração
no presencial foi de 38,3 e no virtual de 35,2; em Engenharia Civil no presencial foi 41,8 e no virtual 40,7;na Pedagogia foi de 43,7 no presencial e 40,1 no virtual e em Recursos Humanos foi 42,5 no presencial e 41,4 no
virtual. E a tendência é melhorar cada vez mais com mais recursos disponíveis.
O meu amigo Batista Matos, grande figura humana, jornalista e político, é que, de certa maneira, me instigou
a escrever sobre a UNIVIMA. Ele mandou-me a seguinte mensagem que compartilho com vocês: “Bom dia meu
amigo. Naquela última conversa lembrei de sua Univima, destacando o uso da internet como instrumento de
educação. Hoje, o coronavírus impõe a sociedade a necessidade de se adaptar a uma nova realidade, em
que, na educação pública, por exemplo, o uso de ferramentas no modelo Univima se tornam ainda mais
necessárias. Educação Online. É um caminho sem volta, seja pela força da tecnologia da internet, seja pelo
isolamento social causado pelo coronavírus. Infelizmente o Maranhão andou para trás com o fim da Univima, ao
mesmo tempo que vemos os governos paralisando as aulas, sem sequer discutir uma nova ferramenta para
não haver perda de aprendizado de milhares de estudantes. Não basta parar as aulas, é necessário
pensar como o processo de aprendizado seja moldado a essa nova modalidade, sob pena do ano letivo atrasar
ainda mais. Ninguém sabe como as coisas ficarão, mas o certo, é que o uso das ferramentas online se impõe e
vão obrigar o poder público a acelerar esse processo de modernização na educação e saúde”.
É isso mesmo Batista. Mas, vemos com esperança, que o governo federal e o de São Paulo liberaram para todos os cursos de suas escolas de todos os níveis, os cursos à distância. A exceção foi o curso de medicina. Agora, vai. E estão usando até cursos pelo celular.
Marabilha.