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A transparência do Ser.

A transparência do Ser

Na filosofia de Martin Heidegger não há uma delimitação ou insuficiência no ser, de modo que o ser jamais se apresenta imediatamente, diretamente. Não se pode em hipótese alguma chegar a compreender ou determinar a natureza do ser sem que primeiro seja feito um estudo do ser de algum ente em particular.
Pelo entendimento do ente em particular, voltando-se plenamente para ele, separando-o de tudo quanto não lhe pertence é que se pode conseguir entender o ser em sua real essência, ou melhor, o ser enquanto ser, sua transparência.
Filosoficamente, definimos o “ente” como tudo aquilo de que falamos; como nos referimos a alguma coisa. O ente é o que somos e como somos. Frente a essa explicação indagamos: qual é o ente do qual se pode extrair o sentido do ser? Nas palavras de Martin Heidegger somente ao homem pertence a primazia para se extrair o sentido do ser, visto não ser ele um ente qualquer, mas que tem relação com o ser.
Para ter acesso ao ser o caminho certo é o próprio homem, porém, para que isso aconteça, o conhecimento do homem deve ser sem erro, isso só é possível quando se põe de lado tudo o que a psicologia, história, etnologia, filosofia, religião falaram sobre o homem. Nessa abordagem de se conhecer o homem de modo livre, transparente é que, segundo Heidegger, se aplica o que se chama de epoché, essa análise antropológica é feita voltando-se ao princípio.
O que se percebe por essas linhas de pensamento hegeliano é que não se pode conhecer verdadeiramente o homem sem que separe dele tudo aquilo que lhe foi imposto, razão pela qual a aplicabilidade do método fenomenológico é imprescindível, ou seja, deve-se começar a estudar o homem como de fato ele é e como realmente se manifesta.
Em sua obviedade Heidegger salienta que em sua “epifania” há pontos que apresentam o que é útil para a caracterização do ser: existência, essência, temporalidade. A existência exprime o ser existencial, ou seja, o ser-no-mundo, vale ressaltar que a concepção de mundo na filosofia Heidegger não é a que trivialmente se aborda, no sentido material, antes trata de interesses, preocupações, desejos, afetos, conhecimentos nos quais o homem está envolvido. No aspecto existencial o homem acha-se em uma determinada situação, por isso Heidegger diz que o mesmo é um Dasein, isto é, um ser em situaç&atild e;o.
Heidegger diz que por estar vivendo nessa situação o mesmo não se encontra aprisionado nela, antes se abre para essa situação, o que lhe permite sempre ser algo novo. Essa situação é determinante para a construção do futuro, tudo que o homem pratica hoje visa o ser amanhã. Definitivamente a existência, segundo Heidegger, é na verdade uma caracterização do homem de ser fora de si, diante de si, pelos seus ideais, por suas possibilidades.
Já a essência, ou seja, a natureza do homem, fala do que realmente consiste sua existência. Em prosseguimento vem o tempo, como o homem é um ser existente está ligado ao tempo, mas isso não o torna um ser estático, imóvel, mas vive além de si, aspira às possibilidades futuras.
Heidegger está certíssimo quando diz que para um conhecimento perfeito do homem é preciso voltar para o princípio, esse posicionamento vai estar em plena consonância com a Bíblia, que apresenta a origem primitiva do homem, quando o diz que Deus o fez reto, mas que ele se meteu em muita astúcia (Ec 7.29), corrompendo sua verdadeira essência.
Para não ser uma coisa coisificada o homem não deve jamais se prender a sua situação, antes deve ver a situação presente como uma ponte para um salto no futuro, isso o leva a estar além de si mesmo; partindo da situação que se encontra ele é passado, e quando faz uso da situação que lhe cerca é presente. A real transparência sucede quando desvencilhamos daquilo que está nele, mas que não lhe pertence, quando tiramos a casca para que o âmago de sua essência apareça.
Não somos o que somos por aquilo que o ambiente coloca em nós, somos o que somos pela possibilidade de sempre estarmos aberto para o novo, e não ficar preso às coisas, situações.
Pr. Osiel Gomes.

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