Dois PMs e mais três homens são presos por suspeita de participação em assassinato de prefeito

Foram presos, após uma investigação demorada, dois policiais militares, sendo um do
Maranhão e outro do Pará, por suspeita de participação no assassinato do prefeito de
Davinópolis/MA, Ivanildo Paiva Barbosa (PRB), de 59 anos, fato ocorrido no dia 11
de novembro deste ano. Outros capturados são um mecânico, um motorista do Uber e
um pistoleiro, sendo identificado como Gean Dearlen dos Santos Neres, o “Gean
Estrada”.
Segundo informações passadas pelo delegado Jeffrey Furtado, da Superintendência de
Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), os PMs presos são o cabo Francisco de Assis
Bezerra Soares, conhecido como “Tita”, da Polícia Militar paraense, e Wilame
Nascimento da Silva, sargento da PMMA lotado em Grajaú. Além deles e do
pistoleiro, foi conduzido o mecânico José Denilton Feitosa Guimarães, mais conhecido
como “Boca Rica”.
“Boca Rica”, inclusive, está com tornozeleira eletrônica, pois responde por uso de
documento falso. Ele e o PM do Pará foram os responsáveis por articular o assassinato
do prefeito de Davinópolis, sendo que os tiros foram desferidos por Gean, que reside
em Imperatriz, como as investigações indicaram. Eles foram encontrados em
cumprimento a mandado de prisão temporária de 30 dias, que foram realizados nas
cidades de Imperatriz e Grajaú, no Maranhão, e Dom Eliseu, no Pará.
O cabo Assis, o pistoleiro Gean e o mecânico foram ouvidos no Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), enquanto o sargento Wilame foi interrogado
na Delegacia Regional de Barra do Corda. Furtado salientou que essas prisões
integram a primeira etapa das investigações. A partir de agora, as forças policiais estão
empenhadas em prender os mandantes ou autores intelectuais, como se expressou o
delegado Praxísteles Martins, do DHPP.
Prisão do motorista do Uber: já no fim da tarde, Douglas da Silva Barbosa, 21,
motorista de Uber, se entregou na DHPP de Imperatriz, acompanhado de um
advogado. Os policiais civis o procuraram durante o turno matutino, mas ele não foi
encontrado em nenhum endereço. Em seguida, o suspeito apareceu na delegacia. Em
seu desfavor, também há um mandado de prisão temporária.
As investigações da morte do prefeito: conforme as investigações, durante o período
da tarde do dia 10 de novembro, dois homens desconhecidos apareceram na fazenda de
Ivanildo, em Davinópolis, em um imóvel onde dorme um funcionário da propriedade.
Os suspeitos fizeram algumas perguntas ao morador, sobretudo com relação ao
prefeito, mas depois saíram em um veículo de cor prata. O político chegou ao local
somente no fim da tarde, e, desde então, os familiares não conseguiram mais manter
contato com ele.

O caseiro entrou na casa onde dormia o prefeito nas primeiras horas do dia 11, após ter
desconfiado da demora dele em aparecer para tomar o café da manhã. O corpo dele foi
localizado dentro de uma vegetação, em Davinópolis, no Povoado Juçara, distante 2km
da chácara do político. Na fazenda, os peritos criminais detectaram manches de sangue
humano no quarto da vítima, sendo que o imóvel estava bagunçado, com objetos
revirados, o que indica uma resistência ou luta corporal.
O delegado regional de Imperatriz, Eduardo Galvão, que está acompanhando as
investigações, disse que Ivanildo foi assassinado com sete disparos de arma de fogo,
sendo que quatro atingiram a cabeça. Para ele, o crime tem características mercenárias,
ou seja, há um mandante e executores. "A investigação está em aberto. Todas as linhas
de investigação são possíveis. A menos provável e dificilmente teria ocorrido é a
hipótese de latrocínio porque ninguém vai se dá a uma missão dessa, a todo um
planejamento, arquitetar um crime e nada levar. Na realidade foi levado apenas o
celular, mas por questões alheias a ideia de crime contra o patrimônio”, assinalou.
A polícia, inicialmente, estava trabalhando com três linhas de investigação: dívida,
crime passional e motivação política. Mas, segundo o delegado Lúcio Rogério Reis,
titular da SHPP, uma das hipóteses já foi descartada, restando apenas duas. Mas ele
adiantou que se tratou de um crime de encomenda e que cada um dos cinco presos
recebeu algum valor em dinheiro pelo serviço prestado aos mandantes.
O sepultamento: o sepultamento da vítima aconteceu no dia 13 de novembro, sendo
que o caixão saiu do local do velório – no bairro Vila Nova, em Imperatriz, na
residência da família de Ivanildo – por volta das 9h30, em um clima de muita
comoção, tanto por parte dos parentes e amigos como de pessoas sem vínculos afetivos
com o prefeito de Davinópolis, que compareceram para prestar solidariedade e os
pêsames. A viúva de Paiva, Marinalva Barbosa, estava em prantos e quase não
conseguia se sustentar em pé, para seguir até o cemitério.
O sepultamento aconteceu no Cemitério Campo da Saudade, com a presença de várias
autoridades, entre oficiais da Polícia Militar do Maranhão e magistrados. Além de
vereadores e outros políticos. Convém relembrar que, há 10 anos, o filho do prefeito
assassinado foi enterrado no mesmo local, sendo que se chamava Ivanildo Paiva de
Barbosa Júnior, 19. Ele também foi morto com disparos de arma de fogo, em 2008,
por então policiais militares, que o colocaram no porta-malas de uma viatura da
corporação e levado até a Estrada do Arroz, onde recebeu tiros na nuca.
Os dois PMs envolvidos, Smailly Araújo Carvalho da Silva e Antônio Ribeiro Abreu,
foram condenados a mais de 20 anos de prisão em julgamento ocorrido em 24 de julho
de 2012.