
O governo federal exonerou nesta semana Lena Brandão, irmã do deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil), do cargo de superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Maranhão. Ela ocupava o posto desde 2023.
Também foi exonerado Wellington Reis Sousa, que desde junho do ano passado estava à frente da Superintendência Federal de Agricultura e Pesca no Maranhão, cargo assumido por indicação do deputado federal Josivaldo JP (PSD).
As exonerações ocorrem em meio a um movimento mais amplo de retaliação política após a derrota do governo Lula na Câmara dos Deputados, que rejeitou a medida provisória (MP) que previa mudanças na arrecadação sobre setores econômicos, incluindo bancos e apostas esportivas.
Josivaldo JP e outros parlamentares maranhenses votaram contra a proposta do governo, o que teria motivado a saída de seus indicados dos cargos federais no estado.

Em Brasília, a decisão faz parte de uma revisão de nomeações em órgãos federais ligada à reorganização da base política do governo. Desde o início da semana, o Palácio do Planalto vem promovendo mudanças em cargos de segundo escalão, atingindo principalmente indicados por partidos do Centrão, como PP, PSD, União Brasil e MDB.
As exonerações atingiram postos na Caixa Econômica Federal, Codevasf, Dnit, Iphan e em superintendências do Ministério da Agricultura em vários estados. No entanto, aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foram poupados neste primeiro momento.
De acordo com interlocutores do Planalto, as demissões têm caráter “pedagógico e político”, visando medir o grau de lealdade dos partidos da base após a votação da MP. A expectativa é de que o governo reabra o diálogo com as legendas nos próximos dias, para evitar o aprofundamento da crise entre o Executivo e o Congresso.
Nos bastidores, líderes do Centrão classificam as demissões como “precipitadas” e alertam que o gesto pode ampliar o desgaste político do Planalto em votações futuras. Apesar disso, o governo avalia que o recado foi dado e que eventuais recomposições dependerão de nova demonstração de apoio no Parlamento.