
O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), senador Carlos Viana (Podemos-MG), determinou, na madrugada desta terça-feira (30), a prisão em flagrante de Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares Rurais).
Durante o depoimento, Lopes negou envolvimento em fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios previdenciários. Admitiu, no entanto, que a Conafer recebeu cerca de 71 mil reclamações de descontos não autorizados, alegando que todos os casos teriam sido ressarcidos.
O presidente da entidade também afirmou que a Conafer chegou a movimentar entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões em operações de cooperação com o INSS, iniciadas após um termo firmado em 2017. No entanto, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), contestou os dados, citando relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) que aponta mais de R$ 800 milhões em descontos associativos indevidos.
Lopes ainda tentou justificar a ausência de documentos exigidos pela comissão alegando dificuldades causadas pela pandemia em 2020. Ele negou conhecimento sobre transações financeiras entre a Conafer e a fintech Terra Bank, apontada nas investigações e disse desconhecer que Cícero Marcelino de Souza Santos, seu aliado próximo, seria proprietário da empresa Santos Agroindústria, que teria recebido R$ 100 milhões da entidade.
A prisão de Carlos Lopes ocorre em meio a uma ofensiva contra desvios de recursos previdenciários. No último domingo (28), a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter as prisões preventivas de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e do empresário Maurício Camisotti, ambos apontados como integrantes do mesmo esquema criminoso.