
A instabilidade e as trapalhadas já viraram marca registrada do governo de Carlos Brandão. Sem rumo e sob forte pressão política, o governador do Maranhão voltou atrás mais uma vez, e revogou o polêmico Decreto nº 40.286, de 15 de agosto de 2025, que previa o cancelamento geral das cessões e requisições de servidores do Estado para outros poderes e entes da federação.
A medida causaria um verdadeiro terremoto administrativo, atingindo servidores cedidos ao Judiciário, Legislativo, Ministério Público, prefeituras e até à União, incluindo, de forma direta, assessores do ministro do STF Flávio Dino. Sim, Brandão bateu de frente com o próprio padrinho político.
Entre os atingidos estavam os procuradores estaduais Túlio Simões Feitosa e Lucas Souza Pereira, cedidos desde 2024 para atuar no gabinete de Dino no Supremo. O decreto os colocaria de volta ao Maranhão, em um gesto interpretado por muitos como uma retaliação disfarçada, agravando o já evidente desgaste na relação entre Brandão e Dino.
O gesto não passou despercebido nos bastidores: juristas apontaram a medida como um claro desvio de finalidade, usando a máquina pública para resolver embates políticos pessoais. A pressão veio de todos os lados, e Brandão, acuado, correu para desfazer o que fez. Ou seja: mais um recuo desmoralizante.
Não é a primeira vez que o governador toma decisões sem calcular o impacto. No comando de um governo cada vez mais marcado por trapalhadas, Brandão dá sinais de que não sabe o que faz, uma hora edita decretos autoritários, noutra recua envergonhado, expondo sua fragilidade política e administrativa.
O episódio também acontece num momento de intensa tensão nos bastidores do Palácio dos Leões, especialmente após o afastamento do ex-procurador-geral do Estado, Valdenio Caminha, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, atendendo a pedido do partido Solidariedade. Caminha, por sua vez, era desafeto direto de Túlio e Lucas, os mesmos assessores de Dino que Brandão tentou afastar.
O clima nos bastidores é de racha. Membros do governo culpam Flávio Dino pela derrocada de Caminha. E agora, Brandão, ao tentar isolar os aliados do ministro, bateu de frente com a realidade e perdeu. O governador parece não entender que governar exige firmeza, não impulsividade.
No fim das contas, o decreto virou pó e, mais uma vez, Brandão deixou claro que está perdido no próprio governo, refém das pressões e das confusões que ele mesmo cria.