Estudo aponta o desmatamento como maior fonte de emissão de gases de efeito estufa no Brasil

Segundo o mais recente levantamento do Observatório do Clima, quase metade das emissões nacionais em 2023 resultou da destruição da vegetação nativa, principalmente devido ao desmatamento.
O país emitiu 2,3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa ao longo do ano passado. Deste total, 46% foram provenientes do setor de mudança do uso da terra, que envolve principalmente o corte e a queima de florestas.
Isso significa que nenhuma outra atividade econômica — nem transporte, indústria ou agropecuária — gera tanto impacto para o aquecimento global quanto a devastação ambiental.
A relação entre desmatamento e emissões é direta. Em 2023, a taxa de desmatamento na Amazônia caiu 30%, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Como consequência, o Brasil registrou a maior redução nas emissões em 15 anos, com uma queda de 12% em relação a 2022.
Esse resultado destaca o impacto imediato que políticas eficazes de preservação podem ter na mitigação das mudanças climáticas.
Além do efeito direto sobre os gases na atmosfera, o desmatamento também compromete o ciclo da água. As árvores liberam vapor que ajuda na formação de nuvens e na geração de chuvas.
Com a derrubada das florestas, esse ciclo se rompe, tornando o ar mais seco, reduzindo a frequência das precipitações e aumentando o risco de eventos extremos, como secas prolongadas. Esse desequilíbrio afeta desde a agricultura até o abastecimento urbano e a geração de energia.
Outro agravante é o uso frequente do fogo para limpar áreas recém-desmatadas. Incêndios intencionais ou descontrolados emitem ainda mais gases poluentes e aceleram a degradação ambiental. Em 2024, queimadas intensas contribuíram para um aumento de 4% no desmatamento entre agosto daquele ano e julho de 2025.
Enquanto no cenário global as principais emissões vêm da queima de combustíveis fósseis, o Brasil se destaca por ter o desmatamento como principal fonte.
Por isso, conter o avanço da devastação é fundamental para que o país contribua de forma efetiva no combate ao aquecimento global e garanta a preservação dos seus biomas — e do seu próprio futuro.