
Instalada em Curitiba, a unidade batizada de Wolbito do Brasil é fruto de uma parceria entre o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP), com apoio do Ministério da Saúde. A planta tem capacidade para produzir até 100 milhões de ovos por semana e conta com uma equipe de 70 profissionais.
Toda a produção será inicialmente destinada ao Ministério da Saúde, que ficará responsável pela definição dos municípios contemplados, com base em dados epidemiológicos.
Tecnologia segura e natural
O método com Wolbachia tem sido testado no Brasil desde 2014. Os primeiros experimentos ocorreram em bairros do Rio de Janeiro e Niterói. Desde então, o projeto foi ampliado para outras cidades, como Londrina, Foz do Iguaçu, Joinville, Belo Horizonte, Petrolina e Campo Grande.
Atualmente, a técnica está em fase de implantação em Presidente Prudente (SP), Uberlândia (MG) e Natal (RN). Em 2025, outras localidades também receberão os mosquitos com Wolbachia, incluindo Brasília (DF), Valparaíso e Luziânia (GO), Balneário Camboriú e Blumenau (SC).
Antes da liberação dos mosquitos, prevista para o segundo semestre de 2025, estão previstas campanhas de informação e engajamento com a população local.
Segundo a Wolbito, os mosquitos utilizados não são transgênicos, e a estratégia será complementar às ações tradicionais de controle do Aedes, como eliminação de criadouros.
Como funciona a técnica
A Wolbachia é uma bactéria natural, presente em cerca de 60% dos insetos do planeta, embora não ocorra originalmente no Aedes aegypti. Pesquisadores conseguiram, na década de 2010, introduzi-la artificialmente nesse mosquito. Ao se reproduzir, o inseto transmite a bactéria aos seus descendentes.
A presença da Wolbachia impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se multipliquem dentro do mosquito, reduzindo drasticamente sua capacidade de transmissão.
Além disso, a bactéria confere ao Aedes aegypti uma vantagem reprodutiva, o que favorece a disseminação do método de forma natural e permanente.
Economia para o sistema de saúde
Estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), parceira do projeto, indicam que, para cada real investido na tecnologia, o país poderá economizar entre R$ 43 e R$ 549 em gastos com medicamentos, internações e outros custos relacionados ao tratamento das arboviroses.
A biofábrica é resultado da cooperação entre o IBMP, uma iniciativa conjunta do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e da Fiocruz e o World Mosquito Program, presente atualmente em 14 países.