
Desde que assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, o delegado Maurício Martins tem protagonizado uma das gestões mais questionáveis e frágeis da história recente do estado. Sem experiência comprovada em comando ou políticas públicas de segurança, o titular da pasta acumula episódios que expõem o abandono das forças policiais e a escalada da violência no território maranhense.
Maurício Martins parece ter caído de paraquedas em uma função que exige firmeza, autoridade e, acima de tudo, compromisso com a vida dos servidores da segurança pública. O secretário, que é delegado da Polícia Civil, sempre teve atuação apagada e considerado um delegado do baixo clero não tem demonstrado capacidade de gestão e tampouco liderança diante da grave crise enfrentada pelo setor.
Os dados e fatos falam por si. Assaltos, latrocínios, feminicídios, estupros, homicídios e a guerra entre facções criminosas só aumentaram sob seu comando. A ausência de políticas efetivas, de apoio psicológico, estrutural e salarial às forças de segurança tem pago um preço alto, com tragédias como a morte do capitão Breno Marques Cruz, assassinado por outro policial, e agora, o brutal assassinato do soldado Geidson Thiago da Silva dos Santos.
Geidson foi morto com cinco tiros pelas costas durante uma vaquejada em Pedreiras. O autor dos disparos? O prefeito da cidade, João Victor Peixoto Moura Xavier. Um caso grave, de repercussão nacional, que expõe de forma dolorosa o desmonte da autoridade pública. E o que fez o secretário de Segurança? Nada além de uma nota pálida, covarde e sem qualquer manifestação enérgica. Pior: na nota oficial, o termo usado foi “falecimento”, como se a vítima tivesse morrido de causas naturais — não executada a sangue frio por um agente político.
O assassino confesso, prefeito da cidade, prestou depoimento e saiu pela porta da frente da delegacia, mesmo em flagrante. A omissão de Maurício Martins diante da barbárie beira a conivência. Não houve cobrança pública pela prisão, nem apoio à tropa, nem indignação institucional. O silêncio do secretário, diante da brutal execução de um policial militar, representa um tapa na cara da segurança pública e da sociedade maranhense.
A indignação ganhou força após a manifestação do vereador de Imperatriz, Sargento Adriano (Republicanos), também policial militar, que em vídeo cobrou um posicionamento firme do secretário. “Se o senhor não tem peito para comandar, defender seus comandados, peça para sair”, disse o parlamentar, refletindo o sentimento de revolta de toda a tropa.
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O mais revoltante é que o silêncio das instituições é acompanhado por um escandaloso corporativismo político. O prefeito acusado de assassinato é filho do prefeito de Bernardo do Mearim e sobrinho do ex-prefeito Erlânio Xavier, pré-candidato a deputado federal e aliado do senador Weverton Rocha. A tentativa de blindagem política é escancarada e alimentada por um sistema que parece proteger mais quem tem mandato do que quem defende a população.
Segundo informações de bastidores, há uma movimentação intensa de aliados para livrar João Victor da cadeia, com interferência de figuras de peso no cenário político. É a política tentando sufocar a justiça. E enquanto isso, uma família chora, uma cidade assiste em silêncio, e a tropa segue acuada, abandonada por quem deveria estar à frente de sua proteção e defesa.
Ainda de acordo com fontes ouvidas pela reportagem, um dos motivos que justificaria a omissão do secretário Maurício Martins seria o fato de ele ter grau de parentesco com o governador Carlos Brandão — seria primo do chefe do Executivo estadual. Essa suposta ligação familiar ajudaria a explicar por que Martins se mantém intocável no cargo, mesmo diante de tanta incompetência e inércia, e também por que evita qualquer enfrentamento com aliados políticos do governador, como é o caso da família do prefeito acusado.
O caso do PM Geidson não é apenas um crime. É um símbolo da falência institucional de um estado onde quem manda são os padrinhos políticos, os mandatos e os conchavos. A impunidade grita. E os questionamentos são inevitáveis: se fosse um cidadão comum, ele teria saído da delegacia? A Câmara de Igarapé Grande continuará inerte? A população aceitará ser comandada por um prefeito acusado de homicídio?
O Maranhão não pode continuar refém de uma segurança pública inerte, de um secretário omisso e de um sistema político que faz da justiça um instrumento de conveniência. Ou se cobra uma resposta urgente, com prisão do assassino, afastamento do cargo e responsabilização das autoridades, ou o recado estará dado: no Maranhão, quem tem poder político pode tudo, até matar.
Em meio a esse cenário revoltante, os policiais militares do Maranhão divulgaram uma nota pública de repúdio, na qual denunciam o silêncio do Comando Geral da Polícia Militar e a submissão da Segurança Pública ao jogo político. Na nota, os policiais condenam o uso de força política para tentar aliviar a situação do prefeito assassino e fazem duras críticas ao governo do estado, exigindo justiça, posicionamento firme das autoridades e respeito à categoria. Para eles, a falta de resposta institucional e o silêncio cúmplice do comando revelam um estado onde quem deveria proteger a sociedade se curva aos interesses dos poderosos.
Veja abaixo: