
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), principal vitrine de infraestrutura do governo federal, enfrenta um 2025 marcado por paralisações, cortes orçamentários e sérias falhas de transparência. Dados do Ministério do Planejamento e do Tribunal de Contas da União (TCU) revelam que, mesmo com recursos autorizados, o ritmo de execução das obras é lento e alvo de crescentes críticas. Um dos principais entraves é a diferença entre o valor aprovado pelo Congresso, o montante empenhado e o que efetivamente foi pago para as obras. O cenário se agravou após o bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento federal, dos quais R$ 24,2 bilhões foram contingenciados de ministérios e R$ 7,1 bilhões cortados de emendas parlamentares.
Apesar dos atrasos, o secretário especial do PAC, Mauricio Muniz Barretto, nega que obras estejam abandonadas, embora reconheça que os investimentos estão abaixo do esperado. A situação tende a piorar nos próximos anos: com o avanço dos gastos obrigatórios, como Previdência e folha de pagamento, os recursos para investimentos – como infraestrutura, bolsas de pesquisa e fiscalização ambiental – ficam cada vez mais comprimidos. Em 2026, ano eleitoral, e em 2027, a perspectiva é de que o governo enfrente até dificuldades para manter despesas básicas, como água e luz nos ministérios, o que pode forçar a revisão do arcabouço fiscal.
Um dos pontos mais controversos envolve o número de obras paralisadas. Segundo o TCU, 63% das 6.754 obras cadastradas estão paradas. Já a Casa Civil afirma que, das 21.649 obras sob gestão do PAC, apenas 1.225 (6%) estão paralisadas. O governo considera empreendimentos em fase de planejamento, enquanto o TCU avalia apenas obras em execução. O problema se agrava com a baixa transparência: relatório da Transparência Internacional e da CoST aponta que o Novo PAC atende a apenas 10% dos indicadores internacionais de dados abertos em infraestrutura. Faltam informações básicas sobre contratos, riscos socioambientais e consulta pública, revelando um programa que avança no escuro.