Os séculos XVIII e XIX constituíram um período áureo para o Maranhão, dada toda produção econômica que permitiu o acúmulo financeiro e impulsionou a cena urbana da capital maranhense com intervenções alicerçadas na proposta de progresso com ampla infraestrutura.
Ao efervescente cenário intelectual e cultural, verificava-se a riqueza arquitetônica dos detalhes dos casarões, beirais e mirantes. As fachadas, com revestimento em azulejos portugueses, davam um toque de sofisticação e distinção, formando uma atmosfera que reforçava o epíteto clássico.
Elementos presentes nos espaços públicos de cultura que eram edificados, a exemplo do Teatro União, conhecido, hoje, como Artur Azevedo. Uma esteira que trouxe a Biblioteca Pública e um Liceu, centro de estudos que formou grandes nomes da cena maranhense.
Um movimento natural foi verificado nos estudos, oportunidade em que as famílias mais abastadas enviavam seus filhos para estudar noutros centros culturais do país ou mesmo da Europa.
Logo se montou uma geração de mentes brilhantes reunidas. A partir de então, não demorou para que São Luís, então a cidade mais destacada do Maranhão e a quarta do Brasil em importância econômica, se tornasse um berço intelectual e referência da literatura nacional.
Nasce a chamada Escola Maranhense, que fortaleceu o Romantismo no Brasil.
Formada por jovens com sólida formação humanista, com ideias modernas para época e uma visão cosmopolita que ajudaram a moldar o ambiente intelectual maranhense.
Daí advém o título de Atenas Brasileira, uma referência direta à cidade grega que se tornou o centro da erudição do ocidente, influenciando a filosofia, as artes e impulsionando o saber através da história.
Entre os expoentes estão nomes como Gonçalves Dias, que elevou o sentimento nacionalista; o inovador e visionário Sousândrade; o romancista e crítico social Aluísio Azevedo; além da pioneira na emancipação feminina e na luta antiescravista, Maria Firmina dos Reis, patrona da nossa Academia Ludovicense de Letras.
Podemos somar a esses nomes a literatura de Sotero dos Reis, Odorico Mendes e João Lisboa, para citar alguns. Escritores que levavam a poesia, a filosofia e os debates intelectuais para todos os cantos de São Luís, uma terra fértil para o pensamento crítico, que ressoava no cenário nacional com forte participação da imprensa na difusão das ideias.
Mesmo com o declínio dos tempos áureos, seja na economia ou nas letras, o epíteto imortalizou São Luís como um dos berços da cultura nacional e – mais do que um simples codinome poético – é o reconhecimento da capital maranhense numa época em que ela irradiava saber para todo país.
Legado clássico que deixa um grande desafio para que as novas gerações de artistas, poetas, escritores, profissionais da imprensa e educadores mantenham viva a tradição do pensamento e da criação literária maranhense.
Falar de Atenas Brasileira na atualidade é celebrar o passado, que se fez pela palavra, formando um patrimônio de herança cultural que sutilmente molda o presente e que delineia novos olhares e caminhos para a nossa literatura. Com esse olhar as Academias de Letras e/ou de Letras, Culturas e Artes precisam exercer o protagonismo que reverencie o passado e faça renascer para o presente e nortear o futuro de gerações.



