Polícia Civil desarticula quadrilha que usava deepfakes de famosos em golpes que renderam R$ 20 milhões
Mentor promovia "universidade do crime digital" nas redes sociais e usava imagens falsas de celebridades para enganar vítimas

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou nesta quinta-feira (1º) a Operação Modo Selva, que resultou na prisão de integrantes de uma organização criminosa especializada em fraudes eletrônicas com o uso de deepfakes — vídeos manipulados digitalmente para simular pessoas reais, especialmente celebridades. O grupo é suspeito de movimentar mais de R$ 20 milhões em esquemas fraudulentos e de criar uma espécie de “universidade do crime digital”, com o objetivo de recrutar e treinar novos golpistas.
O principal suspeito de liderar o esquema é Levi Andrade da Silva Luz, que se promovia nas redes sociais com o slogan “te ensino a pensar como um predador digital”. Por meio de mentorias online, ele oferecia conteúdos que, na prática, funcionavam como fachada para o aliciamento de criminosos virtuais.
Também foi presa a influenciadora Lais Rodrigues Moreira, conhecida como “Japa”, com mais de 110 mil seguidores no Instagram. Segundo as investigações, ela atuava como peça-chave na disseminação das fraudes, utilizando sua visibilidade para impulsionar conteúdos falsos e promover jogos de azar ilegais.
As fraudes consistiam em vídeos falsos com imagens de celebridades como Gisele Bündchen, Juliette, Maísa, Sabrina Sato e Angélica Huck, criados para induzir consumidores a pagar por produtos supostamente gratuitos. Um dos golpes iniciais usava uma deepfake da modelo Gisele Bündchen promovendo um “kit antirrugas grátis”, com cobrança apenas do frete, atraindo vítimas para armadilhas financeiras.
A operação mobilizou agentes em cinco estados. Ao todo, foram cumpridos 26 mandados judiciais — sendo sete de prisão e nove de busca e apreensão — nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Pernambuco e Bahia. A Justiça também determinou o bloqueio de até R$ 210 milhões em ativos ligados aos investigados.
Até o momento, quatro pessoas foram presas, e as investigações continuam para identificar outros envolvidos na rede de fraudes.