
A encenação grotesca, que também incluiu danças de teor erótico, aconteceu à luz do dia, com plateia formada por outros alunos e sem qualquer interferência ou fiscalização por parte da equipe docente ou da direção. A situação escancarou o completo abandono das diretrizes educacionais no estado, consequência direta de uma gestão marcada pelo descaso, pelo improviso e por uma política educacional desmoralizada.
Em resposta à repercussão negativa, a Secretaria de Estado da Educação (SEDUC) emitiu uma nota que, em vez de esclarecer os fatos, minimiza o ocorrido e tenta eximir-se da responsabilidade. A pasta limitou-se a afirmar que uma das turmas “trocou sem autorização uma música do repertório oficial”, como se o problema estivesse apenas na trilha sonora. Nada foi dito sobre quem permitiu a instalação de uma tenda que simulava um motel em pleno pátio escolar, tampouco por que os professores e a gestão não intervieram no momento da encenação.
A SEDUC ainda classificou o caso como um episódio “isolado”, ignorando que o ocorrido é sintoma de um problema muito mais profundo: a falta de direção, fiscalização, formação e compromisso com a educação pública estadual. Ao tentar reduzir o problema a uma “falha pontual”, a secretaria revela um descompromisso vergonhoso com a realidade das escolas maranhenses, muitas delas sucateadas, desestruturadas e completamente negligenciadas pelo poder público.
O episódio vergonhoso em São João Batista ocorre em um contexto de crescente insatisfação com o Governo do Maranhão, liderado por Carlos Brandão, que vem sendo alvo de denúncias de escândalos e corrupção. Não surpreende, portanto, que a área da educação reflita o mesmo padrão de omissão e desorganização que marca a atual gestão estadual.
Não se trata de um “caso isolado”. Trata-se do retrato de um governo que perdeu o controle sobre suas políticas públicas, e de uma secretaria de educação que falha em garantir o mínimo de orientação pedagógica nas escolas sob sua responsabilidade. Ao permitir que eventos como esse aconteçam sem supervisão, o estado não apenas compromete o processo educativo, mas também expõe adolescentes a constrangimentos, à erotização precoce e à exploração simbólica de temas completamente inadequados para o ambiente escolar.
A nota da SEDUC, longe de acalmar a situação, escancara a incapacidade da secretaria de assumir sua responsabilidade institucional. Enquanto isso, a população segue assistindo à degradação moral, estrutural e pedagógica das escolas estaduais, abandonadas à própria sorte por uma gestão que prefere discursos prontos a soluções reais.