
Duas das substâncias foram encontradas em produtos industrializados do tipo “Magic Mushroom Gummies” gomas com aparência inofensiva, semelhantes a balas de mascar, produzidas pela empresa norte-americana TRE House. Essas gomas psicotrópicas já haviam sido detectadas anteriormente em países como Bélgica, Canadá e Chile.
A terceira droga foi identificada em um exame toxicológico feito a partir do sangue de um paciente que consumiu um comprimido junto com bebida alcoólica. O laudo apontou a presença de n-pirrolidino protonitazeno, um opioide sintético da classe dos nitazenos, altamente potente, com histórico de circulação em países como Alemanha, França e também no Canadá.
Monitoramento e resposta rápida
Segundo o Ministério da Justiça, o trabalho do Sistema de Alerta Rápido tem sido fundamental para garantir ações preventivas e de controle em relação às novas drogas que ameaçam a saúde pública e a segurança do país. O SAR é alimentado por notificações enviadas por cidadãos, profissionais da saúde, autoridades policiais ou por meio de exames laboratoriais.
A secretária nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, Marta Machado, destacou que o sistema permite uma atuação quase imediata das autoridades. “O SAR é uma ferramenta de resposta ágil, que permite não apenas identificar, mas também restringir rapidamente a circulação dessas substâncias, minimizando riscos à população”, afirmou.
Acordos regionais e fronteiriços
Como parte das ações de combate às novas drogas, o governo federal também anunciou a criação de uma rede de alerta regional com países vizinhos, como Argentina, Chile e Paraguai. A intenção é estabelecer um sistema de comunicação eficiente para compartilhamento de informações sobre substâncias emergentes que cruzam fronteiras.
Inspirado em modelos internacionais bem-sucedidos, o acordo pretende acelerar o tempo de resposta frente a novas ameaças químicas. A meta é garantir que os alertas emitidos em um país parceiro cheguem aos demais em poucos dias, permitindo ações coordenadas de fiscalização, controle e conscientização.
Ameaça silenciosa
Especialistas em toxicologia alertam que o principal risco das novas drogas está na aparência inofensiva de muitos produtos, especialmente aqueles que imitam guloseimas, como gomas ou balas, e que podem atrair jovens e adolescentes. Além disso, muitos desses compostos são desenvolvidos com pequenas alterações químicas para burlar legislações, dificultando o trabalho das autoridades.
A classe dos nitazenos, à qual pertence a droga detectada no sangue do paciente brasileiro, é considerada extremamente perigosa por seu alto potencial de dependência e risco de overdose, mesmo em doses mínimas.
Combate em tempo real
A agilidade com que o Brasil conseguiu identificar e incluir as novas substâncias nas listas de controle é vista como um avanço na política de enfrentamento às drogas. A inclusão rápida, em menos de três semanas, é resultado do esforço conjunto entre órgãos de vigilância sanitária, polícias científicas e instituições de saúde pública.
Com o fortalecimento do SAR e a construção de uma rede regional, o país dá mais um passo no enfrentamento ao tráfico de drogas sintéticas e à proteção da população contra substâncias perigosas que podem se disfarçar de produtos comuns.