
O crescimento foi de 16% em relação a julho do ano passado, sinal claro de que o cenário de juros elevados, crédito restrito e economia desaquecida tem cobrado um preço alto da iniciativa privada. O valor médio das dívidas bateu recorde: R$ 3.302,30 por empresa, com uma média de 7,3 pendências financeiras por CNPJ.
O montante total das dívidas das empresas inadimplentes chegou a R$ 193,4 bilhões, sendo impressionantes R$ 174 bilhões apenas entre os pequenos e médios negócios, justamente o setor que mais sustenta o emprego e a renda nas cidades brasileiras.
O setor de serviços aparece no topo do ranking de inadimplência, com 54,1% das empresas negativadas, seguido pelo comércio (33,7%) e indústria (8%). Os demais segmentos, como setor financeiro, terceiro setor e setor primário, somam apenas 4,2% dos inadimplentes.
Para a economista Camila Abdelmalack, da Serasa, os números revelam mais do que desequilíbrios momentâneos. “Estamos diante de um ciclo perverso: crédito mais caro e difícil, desaceleração da economia e um empresariado sufocado pelas dívidas. O segundo semestre pode ser ainda mais difícil, principalmente para os pequenos”, avalia.
A pesquisa considera empresas com ao menos uma dívida vencida e não paga até o último dia do mês de referência. O cenário, segundo especialistas, exige atenção redobrada do poder público para evitar que o número de falências cresça e que a espinha dorsal da economia brasileira, as micro e pequenas empresas entre em colapso silencioso.