Sistema financeiro sofre nova onda de ataques cibernéticos e prejuízo já soma R$ 1,5 bilhão
Tribanco é a vítima mais recente de hackers; Banco Central emite alerta e adota medidas emergenciais

Os ataques cibernéticos contra instituições financeiras voltaram a crescer e têm causado preocupação no setor bancário brasileiro. O mais recente episódio foi confirmado neste domingo (7), quando o Banco Central (BC) informou que o Tribanco (Banco Triângulo S.A.), ligado ao grupo atacadista Martins, foi alvo de uma ação criminosa que resultou em subtração indevida de valores.
Segundo o BC, as instituições do setor foram orientadas a reforçar o monitoramento das transações, com bloqueios imediatos de recursos recebidos via Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI). A autarquia também recomendou o aumento nos níveis de autenticação e o bloqueio de valores desviados que tenham sido transferidos para corretoras de criptoativos.
Este foi o quinto ataque hacker em apenas três meses, com um prejuízo acumulado que já ultrapassa R$ 1,5 bilhão. Os ataques recentes reforçam as preocupações em torno da fragilidade das conexões tecnológicas entre prestadoras de serviços de pagamento e o sistema financeiro nacional.
No sábado (6), um dia antes do caso do Tribanco, o BC já havia emitido outro alerta, após a empresa E2 Pay, prestadora de serviços de pagamento, também ser alvo de hackers. O advogado da empresa, Guilherme Carneiro, afirmou que os valores desviados ainda estão sendo apurados, mas garantiu que os dados dos clientes não foram comprometidos. Informações preliminares apontam que cerca de 400 contas receptoras, possivelmente de laranjas, receberam os valores desviados.
Crime organizado por trás dos ataques
A nova escalada de crimes digitais ocorre logo após a Operação Carbono Oculto, que revelou a atuação da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em setores da economia formal, como o de combustíveis e serviços financeiros. A operação foi conduzida pelo Ministério Público de São Paulo em conjunto com a Receita Federal, e expôs conexões entre o crime organizado e empresas de grande porte.
Reação do Banco Central
Na sexta-feira (5), o BC já havia anunciado um pacote de medidas emergenciais para conter o avanço das fraudes. Entre elas, está o limite de R$ 15 mil para transações via Pix e TED em instituições de pagamento não autorizadas, que operam por meio de prestadores de serviços de tecnologia (PSTI). A autarquia também determinou que novas instituições financeiras só poderão operar mediante autorização prévia do Banco Central.
Repercussão no setor financeiro
O presidente da Febraban, Isaac Sidney, afirmou que os crimes revelam “a audácia do crime organizado” e defendeu a necessidade de mais travas nas transações e ações rigorosas contra o uso de contas laranjas e criptomoedas em operações ilícitas.
Leandro Vilain, CEO da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), destacou que a confiança no sistema financeiro é inegociável e defendeu a criação de novas medidas de segurança nas próximas semanas. A Abipag também se manifestou, afirmando que a segurança deve acompanhar a velocidade da inovação tecnológica no setor.
Investigações em andamento
O Banco Central declarou que segue colaborando com as autoridades policiais e o Ministério Público e garantiu que continuará investindo no fortalecimento das barreiras contra crimes financeiros.
Até o momento, o Tribanco não se pronunciou oficialmente sobre o ataque cibernético.