
No relatório da PF (Polícia Federal) que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), os agentes acreditam que o parlamentar tentou “ludibriar” o governo de Donald Trump “para atingir seus objetivos criminosos”.
Em trechos obtidos pela Polícia Federal, Eduardo alerta o pai de que precisava evitar que alguns comentários fossem feitos para não prejudicar seu trabalho de pressão nos Estados Unidos e irritar o presidente norte-americano.
“Torce para a inteligência americana não levar isso aqui ao conhecimento do Trump”, diz uma mensagem obtida pela PF enviada pelo deputado, que traz uma imagem, não recuperada pela perícia da polícia.
O relatório destaca que os dois coordenaram discursos, narrativas e publicações nas redes sociais para “ludibriar” autoridades dos Estados Unidos, além de coagir ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
“Constata-se, portanto, que os investigados atuaram com consciência e vontade no intuito de convencer autoridades governamentais estrangeiras, induzindo-as em erro, para aplicar sanções contra o Estado Brasileiro e autoridades nacionais constituídas, de forma a satisfazer interesses pessoais ilícitos”, diz o texto.
Numa outra mensagem enviada ao ex-presidente Bolsonaro, o deputado diz que “aqui é tudo muito melindroso, qualquer coisinha afeta”, acrescentando que, “na situação de hoje, você nem precisa se preocupar com cadeia, você não será preso, mas tenho receio que por aqui as coisas mudem”.
Moraes pede esclarecimentos a Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro tem até esta sexta-feira (22) para prestar esclarecimentos sobre a coação ao STF na ação penal da trama golpista e a tentativa de fuga para a Argentina.
A ação foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, após receber o relatório da Polícia Federal que indiciou o ex-presidente e o deputado Eduardo Bolsonaro.
O ministro também deu 48 horas para que a Procuradoria-Geral da República se manifeste sobre o indiciamento.
No despacho, Moraes destacou que Bolsonaro precisa prestar esclarecimentos sobre o descumprimento de medidas cautelares; a reiteração de condutas ilícitas e o risco de fuga.
A Polícia Federal afirma que o ex-presidente guardava no celular um pedido de asilo político direcionado ao presidente da Argentina, Javier Milei, alegando perseguição no Brasil. (Fonte: CNN Brasil)