
Estudar em uma universidade federal custa caro — e não apenas para quem enfrenta anos de vestibular. Para o contribuinte brasileiro, manter um aluno matriculado em instituições federais de ensino superior representa um custo médio anual de R$ 52.533,00. O dado é fruto de um levantamento do site Poder360 com base no orçamento de 2023 do Ministério da Educação (MEC).
Naquele ano, as 69 universidades federais analisadas receberam R$ 57,9 bilhões em verbas públicas, valor que cobre desde salários de professores até manutenção de infraestrutura. Dividido pelos 1,1 milhão de estudantes matriculados, chega-se ao custo médio individual — uma cifra que coloca em perspectiva o tamanho do investimento feito por aluno.
A evasão estudantil transforma esse investimento em prejuízo. A desistência de cerca de 19 mil alunos em um único ano, por exemplo, significa a perda potencial de quase R$ 1 bilhão em recursos públicos que não resultaram em diploma ou formação profissional.
“A evasão precisa ser tratada como um problema de impacto estrutural”, afirma o professor e especialista em educação Mozart Neves Ramos, da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto. Para ele, o dado reforça a importância de políticas que garantam a permanência do estudante, mas também exige consciência por parte de quem ocupa as vagas públicas. “Quem financia esses cursos é o cidadão brasileiro”, pontua.
Apesar das cifras elevadas, a taxa de evasão nas universidades federais vem caindo ao longo dos anos. Segundo o Censo da Educação Superior, a taxa de desistência caiu de 13% em 2015 para apenas 2% em 2023. O número é considerado positivo e tem sido atribuído a programas de apoio ao estudante, como auxílio-moradia, alimentação e bolsas de pesquisa.
Ainda assim, o tempo de permanência além do previsto também pesa no orçamento. Alunos que ultrapassam os prazos regulares para a conclusão do curso acabam exigindo mais investimento do que o estimado inicialmente, elevando ainda mais o custo por diploma emitido.
Outro fator de desequilíbrio são as diferenças entre os cursos. Carreiras como odontologia, medicina e engenharia exigem laboratórios, materiais caros e corpo docente especializado, encarecendo a formação. Já cursos com estrutura mais enxuta, como direito, letras ou ciências sociais, têm custos significativamente menores.
Para especialistas, o debate sobre financiamento público da educação superior não deve girar apenas em torno de cortes ou aumento de verbas. É necessário, afirmam, garantir eficiência no uso dos recursos, ampliar a taxa de conclusão e manter a qualidade acadêmica — sem perder de vista o papel estratégico que a universidade pública tem na formação de profissionais e no desenvolvimento científico do país.