
A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (14), a operação Malversador, que tem como alvo o diretório estadual do Podemos no Maranhão, presidido pelo deputado federal Fábio Macedo. A investigação envolve suspeitas de desvio de recursos do fundo eleitoral durante a campanha municipal de 2024 em São Luís e alcança o filho do parlamentar, Fábio Macedo Filho, além de empresários e candidatos ligados ao partido.
Um dos principais focos da operação é a sede do Podemos, alvo de mandado de busca e apreensão. A ação tem ligação direta com apreensões anteriores realizadas ainda durante a campanha, quando agentes da PF interceptaram R$ 45 mil em espécie com um homem nas imediações do Comando Geral da Polícia Militar, que alegou estar levando o valor para um comitê de campanha do Podemos, próximo ao quartel da PM.
Na mesma ocasião, um casal também foi abordado com outros R$ 45 mil. As justificativas apresentadas à polícia foram consideradas inconsistentes, o que acendeu o alerta para movimentações financeiras suspeitas na estrutura partidária.
Segundo a PF, uma empresa de eventos ligada à família Macedo também está sob investigação. A empresa teria recebido mais de R$ 1,4 milhão durante o período eleitoral por meio de contratos com candidatos a vereador da legenda. Documentos apreendidos apontam que pelo menos sete postulantes ao cargo de vereador, todos não eleitos, transferiram ao todo R$ 969,5 mil para a empresa KM Produções, controlada por Kleber Moreira Neto, figura próxima ao grupo político de Macedo.
A investigação ganhou força com o depoimento da candidata Brenda Carvalho, que declarou ter recebido R$ 300 mil do fundo eleitoral, dos quais R$ 153 mil também foram repassados à mesma empresa. Segundo relatos, Brenda sequer estava no estado durante a campanha, levantando fortes indícios de candidatura fictícia — prática criminosa muitas vezes usada para simular o cumprimento da cota de gênero e desviar recursos públicos.
Além do possível uso fraudulento do fundo eleitoral, a PF também apura a existência de uma rede articulada para superfaturar serviços de campanha, camuflar o desvio de verba pública e alimentar empresas com vínculos diretos ao núcleo familiar do deputado Fábio Macedo.
A operação Malversador visa reunir provas, ouvir os envolvidos e aprofundar a apuração de crimes como falsidade ideológica eleitoral, desvio de recursos, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A ofensiva da PF representa um dos mais graves abalos recentes à estrutura partidária de um diretório estadual no Maranhão e lança suspeitas sobre o uso da máquina eleitoral para fins escusos.
O deputado Fábio Macedo ainda não se manifestou oficialmente sobre as acusações. assim como Fábio Macedo Filho e os demais citados.