
A crise no Partido Liberal (PL) do Maranhão atingiu um ponto de ebulição. Após as acusações públicas de Jair Bolsonaro contra o deputado federal Josimar Maranhãozinho, e, mais recentemente, a destituição da deputada Detinha do comando do PL Mulher, a permanência do grupo político de Maranhãozinho na legenda parece ser insustentável. A mudança no comando do partido no estado é dada como certa, e pode ser formalizada em questão de dias, conforme fontes próximas à liderança estadual do PL.
A situação, que vinha se deteriorando desde outubro, ganhou novos contornos com a última reviravolta interna: a exoneração abrupta da deputada federal Detinha da presidência do PL Mulher. A decisão foi comunicada de maneira inesperada, sem aviso prévio à parlamentar, que tomou conhecimento da mudança por meio da imprensa. A transferência do cargo para a vereadora eleita de São Luís, Flávia Berthier, foi formalizada por meio de um vídeo publicado pela ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, ampliando a crise interna do partido.

A pressão sobre Josimar Maranhãozinho, presidente estadual do PL, tem aumentado tanto no âmbito político quanto midiático. A insatisfação interna, alimentada pelas recentes declarações de Bolsonaro e pelo enfraquecimento da sua base de apoio no Maranhão, tem levado aliados do deputado a sugerir que ele abandone a legenda. O próprio Maranhãozinho estaria cada vez mais desconfortável com a situação, e fontes afirmam que a ideia de migrar com seu grupo político para outra sigla tem ganhado força nos bastidores.
O estopim da crise interna foi o fatídico dia 16 de outubro, quando Bolsonaro, em entrevista à Rádio Online AuriVerde Brasil, fez acusações graves contra Josimar Maranhãozinho e o pastor Gildenemyr, também do PL. Chamando ambos de “bandidos, marginais e corruptos”, o ex-presidente abriu uma crise pública que colocou em xeque a continuidade de Maranhãozinho à frente do partido no Maranhão.
Aliados de Josimar confirmaram a insatisfação crescente dentro do grupo. “Detinha foi a deputada federal mais votada do Maranhão. Não se pode simplesmente tirá-la da presidência do PL Mulher sem ao menos avisá-la antes. Ela soube pela imprensa, e não tem mais clima para seguir assim”, revelou a fonte, que preferiu manter o anonimato.
A situação se agrava ainda mais pelo fato de que, apesar da relação de amizade de Josimar com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, a pressão de Bolsonaro para entregar o partido a outra liderança no Maranhão tem sido imensa. A busca de Bolsonaro por um político mais alinhado com suas posturas mais extremistas no estado tem gerado um ambiente cada vez mais tóxico para Josimar e seus aliados.
Um dos fatores que manteve Josimar Maranhãozinho no comando do PL foi o gigantesco volume de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), que a sigla tem direito. Em 2024, o PL recebeu a maior fatia do fundo eleitoral, com R$ 886,8 milhões, sendo que uma parte significativa desse montante foi destinada ao Maranhão, com Josimar coordenando a distribuição dos recursos. Em 2020, o deputado conseguiu eleger 40 prefeitos em municípios maranhenses, o que fortaleceu sua base política local e garantiu sua relevância no partido.
Entretanto, a crescente pressão para que Josimar abandone a legenda tem levado a um cenário em que ele já não consegue mais conciliar seu futuro político com as tensões internas. A chegada de novos interessados no comando do PL do Maranhão tem sido outro fator a pesar sobre sua decisão.
A disputa pelo controle do PL no Maranhão é acirrada. Três políticos estão de olho na direção da sigla no estado: o ex-senador Roberto Rocha, o deputado estadual Mical Damasceno (atualmente no PSD) e o também deputado estadual Dr. Yglésio (PRTB). Rocha, por exemplo, já havia tentado tomar o comando do PL antes da convenção de 2022, mas foi derrotado por Josimar, com a intervenção de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL.
Já Mical Damasceno e Dr. Yglésio, com alianças estabelecidas em outros partidos, veem no PL uma oportunidade estratégica para ampliar suas bases e fortalecer seus projetos eleitorais. Todos esses atores estão agora aguardando a definição dos rumos do partido no Maranhão, com a expectativa de que uma decisão final seja tomada nas próximas semanas.
A próxima semana promete ser crucial para o PL no Maranhão, com as articulações políticas intensificadas. Para Josimar Maranhãozinho, a pressão interna e externa já chegou a um nível insustentável. A exoneração de Detinha e as acusações de Bolsonaro podem ter sido apenas o começo de uma grande reconfiguração política no estado.
A possível saída de Josimar e seu grupo para outra sigla representaria um golpe significativo para o PL no Maranhão, que perderia não só seu principal líder local, mas também o controle de uma poderosa máquina eleitoral. No entanto, o futuro do partido e de seus aliados no estado ainda está por ser definido, e só o tempo dirá qual será o desfecho dessa crise interna que já se arrasta por semanas.
O cenário continua instável, mas o racha no PL parece cada vez mais iminente. Resta saber para qual partido Josimar Maranhãozinho e seu grupo migrarão, e como isso impactará a política do Maranhão nas eleições municipais de 2024 e além.