
Na semana passada o IBGE publicou os dados do último Censo e da Pnad Contínua. E os resultados mostraram por inteiro a situação da crescente pobreza no estado. Os dados são desoladores, mostra que a pobreza cresce no estado, e que se nada for feito, ela não parará de crescer.
A Pnad Contínua indica que no ano passado o Maranhão foi o estado com a maior taxa nacional de informalidade, com 56,5% dos trabalhadores ocupados, mas sem carteira de trabalho e benefícios sociais. E mesmo assim, desse total, 28,4% são subutilizados trabalhando menos de 40 horas semanais.
Também mostrou que é o estado com a maior proporção de pessoas em extrema pobreza no País. Dos 6,7 milhões de habitantes, 8,4% vivem com menos de R$ 200 por mês, segundo o Censo IBGE 2022. Outros 57,9% estão em situação de pobreza, com a renda de até R$ 637,00 por mês.
Só 5,93% dos habitantes declararam imposto de renda em 2023, aqueles que tiveram rendimentos tributáveis de
R$ 2,3 mil por mês no ano de 2022. E dentro os declarantes o patrimônio médio foi de apenas R$ 6,3 mil.
E mostrou também que o Maranhão é o único estado brasileiro que tem a renda per capita domiciliar menor do
que mil reais, e é menos que 30% da registrada no DF. A do DF é de R$ 3.357 e a do Maranhão é de R$ 945,00. Um abismo entre elas e o Maranhão está condenado a pobreza? Perguntam todos, preocupados. Esse quadro não é novo, mas é crescente. Quando sai do governo o tamanho da população em situação de pobreza era de 27% bem menor do que a de quando assumi. Depois voltou a crescer.
E desde que o governador Brandão assumiu o governo, que nós da SEDEPE, estamos estudando como poderemos reverter essa situação, que na verdade aflige todo o País, uns mais, outros menos, principalmente no Norte e no Nordeste. O PISA de 2022, publicou os resultados do exame em dezembro de 2023, e mostrou como as condições socioeconômicas são perversas com os que estão em faixa de pobreza, chegando a não permitir que através da educação os mais pobres possam sair da pobreza.
Mas nada disso nos intimida. Hoje, o Maranhão está pronto para reverter esse quadro, e fomos buscar inspiração no professor James Heckman, que recebeu o Prêmio Nobel por seus estudos econômicos voltados para o combate à pobreza. Ele é o Chefe do Departamento de Economia da Universidade de Chicago, uma das mais
importantes do mundo exatamente em economia e Doutor em Desenvolvimento Humano.
Com grande participação de especialistas de dentro e fora do estado, após muitos debates, está pronto o projeto
Casa de Esperanças, com o objetivo de cuidar das famílias pobres, especialmente das mães que são quase sempre, chefes de família, e das crianças de zero a seis anos, tratando-os com o cuidado similar aos que as famílias estruturadas dão aos seus filhos.
Com o projeto pronto fomos em busca de financiamento, batemos em muitas portas, mas não encontramos aindaos parceiros certos para alavancar o projeto.
Mas, as coisas começam a mudar em face, principalmente, da pregação liderada pelo presidente Lula contra a fome e contra a pobreza, em foros como o G-20.
Um estudo do INSPER, a pedido da Fundação Itaú, mostra que o PIB brasileiro poderia aumentar até 2,32% se o acesso dos alunos ao ensino médio técnico profissional fosse triplicado. Hoje apenas 11% dos jovens brasileiros
fazem o ensino técnico, ante 44% nos países da OCDE. A pesquisa revela que o salário de quem cursou o ensino
técnico é 12% superior ao de quem fez apenas o médio.
Na semana passada Illan Goldfarb, atual presidente do BID, participante do G-20 no Rio, declarou que entre as
prioridades do BID está a erradicação da pobreza, combate à fome, com ênfase na oferta de educação e saúde para a primeira infância e na preparação da criança em igualdade de condições com todas as outras crianças
de famílias mais ricas. Parecia falar de nosso projeto Casa de Esperanças, que atende tudo isso e vai além.
Acreditamos que o BID abriu uma porta que pode nos levar a conseguir recursos para o programa. No orçamento do BID existem recursos de monta, não reembolsáveis, para prioridades. Vamos procurar imediatamente o BID para apresentar nosso projeto.
Outro fato muito importante foi a vinda do médico Raul Cutait a nosso convite para falar e debater os modernos
sistemas de saúde, economizando recursos e aumentando sua eficiência e resolutividade.
Depois de cumprir um compromisso de fazer uma palestra na Universidade CEUMA, nós oferecemos um almoço antes de nos reunirmos na SEDEPE. Raul Cutait, é uma pessoa agradável, afável, e é um dos melhores
médicos do país. Além disso é um magnifico gestor. Foi Secretário de Saúde do município de São Paulo, e
também faz todo o planejamento do Hospital Sírio Libanês o segundo melhor hospital do país, segundo
avaliação internacional. Pois bem, no almoço iniciei uma conversa sobre as Casa de Esperanças, inicialmente
sodando se o Sírio Libanês, poderia se juntar a nós nesse projeto. Ele inicialmente elogiou o projeto e nos disse que o caminho é esse mesmo que estamos 100% certos. E ai ele surpreendeu a todos quando eu disse que estava tentando provoca-lo para nos ajudar de alguma forma, e ele respondeu que estava mais do que provocado e iria tentar nos ajudar. E aí a surpresa, pois ele é o presidente na FIESP de um grupo de apoio contra a pobreza e contra a fome, principalmente em se tratando de crianças.
Eu então disse que estávamos falando com a pessoas certa, pois se nos apoiarem eu tenha certeza de que isso
facilitaria muito para recebermos o apoio do BID.
Sem abandonar outros caminhos possíveis.
Se conseguirmos abriremos uma porteira até então fechada que pode nos levar a iniciar de forma mais
estruturada possível um programa que não deve ser apenas de governo, mas de estado, obrigatório daqui
para a frente. E que sem dúvidas, muda o Maranhão.