
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste domingo (25) que um golpe de Estado se faz com “tanque na rua, arma e conspiração” e não com a “Constituição”. O argumento, que citou a “minuta do golpe”, fez parte do discurso do ex-presidente para se defender de acusações de que planejou um golpe de Estado quando ainda estava no poder e tinha sido derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas, em 2022.

A “minuta do golpe” foi um documento encontrado pela Polícia Federal na casa do ex-ministro Anderson Torres e na sede do PL e que é visto como uma evidência do planejamento de um golpe.
Em um discurso mais brando, sem ataques diretos a nenhuma instituição, Bolsonaro disse: “Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração. Nada disso foi feito no Brasil. Por que continuam me acusando de golpe? Porque tem uma minuta de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Deixo claro que estado de sítio começa com presidente convocando conselho da República. Isso foi feito? Não.”
O ex-presidente começou o discurso no ato na Avenida Paulista, em São Paulo, dizendo que “o povo brasileiro não merece viver o que está vivendo neste momento, onde poucos causam muitos males”.

O ex-presidente fez um retrospecto da atuação dele na política, agradeceu aos que compareceram no evento e disse que a manifestação contribui para uma“ fotografia está sendo inédita para o mundo inteiro”. Bolsonaro também falou sobre uma suposta “perseguição” política que sofreu durante o tempo em que foi presidente da República. Inelegível, o ex-presidente disse que “não se pode para tirar alguém da eleição sem motivos justos”.
Bolsonaro também pediu empenho do Congresso Nacional para formulação de uma lei para anistiar os presos nos atos de 8 de janeiro. “Um projeto de anistia para que seja feita justiça no Brasil, e quem depredou o patrimônio que pague, mas essas penas fogem a razoabilidade” defendeu.
O ex-presidente mencionou a derrota eleitoral de 2022 dizendo que deve ser considerada “página virada”, mas defendeu que em outubro deste ano, os eleitores devem “caprichar” na escolha de prefeitos e vereador para se preparar para 2026.

Mais:
Em seu discurso proferido de cima de um trio elétrico na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (25), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou na defensiva em relação às investigações contra ele sobre a tentativa de planejar um golpe de estado.
O que se viu foi a imagem de um Bolsonaro acuado que tentou dar uma resposta ao seu eleitorado em um ambiente em que estaria livre de cair em possíveis contradições, o que poderia ter acontecido durante depoimento à Polícia Federal, onde o ex-presidente se calou na quinta-feira (22).
Sem conseguir negar provas encontradas durante investigação da Polícia federal, Jair Bolsonaro tentou se justica. No ato na Paulista, ele argumentou que não houve tentativa de golpe porque a decretação de um estado de sitio teria que ser aprovado pelo Congresso Nacional e que isso não foi feito.
Bolsonaro disse que golpe é tanque, arma e conspiração e que nada disso foi feito no Brasil. Sem levar em conta que as tentativas de golpe no mundo conteporaneo acontecessem, inclusive, atraves de manipuções em redes sociais.
A Polícia Federal encontrou um documento com argumentação golpista, similar a um rascunho de decreto, na sala do ex-presidente na sede do PL, em Brasília, em 8 de fevereiro.
O ex-presidente também tentou mexer com o emocional para diminuir a gravidade dos atos dos invasores do 8 de janeiro e pedir anistia para seus apoiadores que estão presos em razão dessa tentativa de golpe de estado. Ele afirmou não querer a existência de ‘filhos órfãos de pais vivos’.
Mas o que se viu na invasão das sedes dos três poderes em janeiro foi algo muito grave conduzido de forma profissional e com método. As pessoas sabiam o que estavam fazendo ao invadirem e deprederarem o Congresso e o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto.
O evento de hoje demonstrou preocupação e temor de Bolsonaro de que algo fugisse do objetivo principal do ato, que era essa resposta do ex-presidente. Houve alerta, tanto de bolsonarista, como do próprio Bolsonaro para que neste domingo não acontecessem ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Os apelos foram atendidos e não se viu faixas e cartazes pedindo o fechamento da Suprema Corte, o impeachment de ministros e outras manifestações desta natureza.
Interessava ao grupo político de Jair Bolsonaro passar a mensagem de que, apesar do ex-presidente estar na defensiva, ele ainda é capaz de engajar politicamente e levar dezenas de milhares de pessoas para um ato em sua defesa.
O comportamento do presidente e de seus apoiadores durante a manifestação destoa do adotado em 2021, quando Bolsonaro atacou Alexandre de Moraes e disse que não cumpriria mais decisões do ministro do STF.